3.000 Crônicas!
No dia 25 do mês de abril de 2.015 quando completei 70 anos de idade fui aposentado de acordo com disposição Constitucional vigente na época, eu tinha recém deixado a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e reassumido minha jurisdição como desembargador no Tribunal de Justiça.
Pela primeira vez na vida senti que faltava chão sob meus pés, pois quem trabalhara desde os 14 anos no Ofício Publico o ócio da aposentadoria e distante do ambiente de trabalho foi um desafio do qual me propus enfrentar sem esmorecer.
Tinha consciência que nunca iria advogar porque eticamente nunca me pareceu justo com os advogados militantes que um Magistrado remunerado pelo Estado, lhes fizesse injusta concorrência. Ficar em casa curtindo a aposentadoria não seria nenhum desconforto porque teria mais tempo para compartilhar com minha mulher, afinal somos casados há mais de 51 anos e graças a Deus vivemos harmoniosamente.
Mas era óbvio que alguma tarefa eu teria que assumir em virtude de minha disposição física e mental e principalmente pela bagagem profissional na área do Direito e na vida pública intensa que tive como membro do Ministério Publico e do Poder Judiciário do meu estado. Foi quando recebi um inesperado convite do meu amigo des. Acácio Câmbi também aposentado, para trabalhar como voluntário no Núcleo de Conciliação e Mediação do TJ na tentativa de fazer acordo entre litigantes de processos que tramitam em grau de recurso no referido Colegiado.
Aceitei de pronto e dediquei dois dias da semana para o referido serviço. Depois fui convidado para participar como integrante voluntário da Comissão Política da Associação Comercial do Paraná, convidado pelo ex-governador Mário Pereira e que aceitei para colaborar. Hoje íntegro o Conselho Barão do Cerro Azul órgão de assessoramento superior da Presidência da referida entidade.
No mais continuei lendo não mais livros técnicos mas leituras que fazem bem para o alma, com títulos e autores diversos. Mas sempre gostei de escrever embora reconheça que estou desatualizado nas regras ortográficas e sou um camicase quando dedilho as diminutas letras do meu aparelho celular. Elaboro textos e não corrijo. Um péssimo e desastroso hábito para um aprendiz de literato.
Acredito que foi nos meados do ano de 2.015 que comprei numa casa de “sebo”, que fechou as portas, um livro intitulado “Antônio Maria” de Joaquim Ferreira dos Santos que conta a biografia do grande compositor, jornalista e emérito cronista recifense. Num trecho o autor menciona que o biografado escreveu em toda a sua vida 2.500 crônicas -, o que me chamou a atenção e logo me despertou a vontade de escrever crônicas do cotidiano para tentar alcançar tão expressiva marca.
Infelizmente o livro eu emprestei não lembro para quem e não tenho como dar melhores referências. Só que para esse desafio eu teria que escrever uma crônica por dia, daí eu denominei o meu espaço editado no WhatsApp de “A Crônica do Dia” -, sendo que hoje está sendo publicada a de número 3.000 tendo apenas uma delas sido repetida por iniciativa do meu filho Luiz Rodrigo (responsável pelas postagens das figuras que ilustram cada crônica e pelo respectivo “link”), quando eu estava na UTI do Hospital Costantini após um procedimento de angioplastia coronariana.
Todas edições ininterruptas incluindo sábados, domingos e feriados. E todas dedilhadas na tela do meu pequeno celular. E assim então preenchi o meu tempo, deixei o ócio de lado e exercito minha memória escrevendo assuntos do dia a dia, as vezes com humor ácido, outras vezes críticas acerbadas, sempre temperando com textos leves e alguns absolutamente dispensáveis, mas tecendo opiniões em assuntos da política na esperança que os leitores possam refletir e votar certo para impedir um terrível retrocesso.
Estou feliz e agradecido ao Senhor dos Mundos pela disposição que tenho de continuar meu desafio, mesmo sabendo que não sou nenhum Antônio Maria e nem sou unanimidade. E até quando ? Não sei pois infelizmente nunca consultei a mãe Diná para saber. Mas que estou muito feliz, estou…
“Gostar de escrever sempre gostei, mas não sei se aprendi; reconheço que assassino a língua pátria com a agravante que jamais corrijo meus textos. E a crônica que faço leio uma única vez, pois tenho memória fotográfica. Esta é a crônica No. 3.000.”
Édson Vidal Pinto