A Arte de Educar
Quem não lembra da primeira professora ? Aquela pessoa especial que deu luz em nossa vida, delicada, paciente e vocacionada que nos ensinou a ler e a escrever. No exato momento em que escrevo meu pensamento me transporta para a minha sala de aula, no primeiro ano primário do Grupo Escolar Alba Guimarães Plaisant, anexo ao Instituto de Educação do Paraná, na rua Emiliano Perneta. Vestido de guarda-pó , da cor Branca, participo da alegria de meus colegas Fany Lerner, Rubens de Quadros Ribas, Édison Luiz de Barros Alves, Waterloo Marchesini Junior, Sidegley Gaudino dos Santos, Reginaldo e Regina Nascimento , o Borio, o Ari e outros que a memória me trai. De repente entra na sala a Prof. Neli de Almeida, com seu guarda-pó , também da cor Branca, e todos nós ficamos em silêncio ao lado de nossas carteiras e só sentamos depois da querida mestra, sentar.
Em seguida a leitura da chamada, os avisos do dia e o início da aula ministrada com empenho e ternura. Ah! Que saudades, de uma infância desprendida , dos brinquedos do imaginário que preenchia a hora do recreio, da troca de figurinhas das balas "Zequinha", do sonho vendido na cantina, das filas para entrar e sair da sala de aulas. No andar superior, ala do Instituto de Educação, as normalistas vestindo saias pregueadas, da cor azul, camisa branca de gola, com gravata bordô bordada com a sigla "IE", da cor Branca. Elas eram as meninas-moças e futuras educadoras !
Dias atrás passei na frente de minha escola e fiquei triste com o abandono do prédio, um cartão de visita do descaso com que é tratada a educação em nosso país. Hoje, nas escolas, discute-se gênero, homossexualismo, ideologia, o ensino público é vergonhoso, o nível da maioria dos professores é precário, basta ouvir quando os representantes do sindicato da classe emitem suas opiniões quando entrevistados na rádio e na TV. O despreparo incute nos alunos a evasão escolar, o desrespeito pela escola e hogerisa pela disciplina. O aprendizado ficou relegado ao plano secundário. São poucos os educadores e muitos os ativistas que empunham bandeiras vermelhas a pretexto de lutarem por melhores salários. Claro que dentre estes existem mestres abnegados , ótimos idealistas e educadores do mais alto nível, doutores e especialistas na área de educação que são mau aproveitados, porém nunca perdem a vocação de ensinar.
A Educação vive o seu pior momento. As escolas públicas estão à míngua , o Estado Administração por gastar com prodigalidade não tem recursos para suprir as necessidades mínimas do setor. Salários defasados, falta de meios, prédios em abandono, professores com falta de capacitação mínima e sem pendores, são ingredientes explosivos que cria nas entranhas alunos oportunistas e inconsequentes. Estes atraídos pelo canto fácil e doce dos agitadores profissionais , tornam-se inocentes úteis e se prestam para realizar invasões e afrontar a ordem pública. O cenário exige dos governantes uma mudança rápida, um voltar de atenção para a área da educação. Para alicerçar uma política pública no setor é indispensável que o Ministro da Educação e os Secretários de
Estado estejam qualificados, que conheçam as dificuldades e necessidades, e busquem recursos com os governantes sem o qual a situação será cada mais mais caótica. A professora tem que se impor como educadora e não como "tia" , ela não faz parte da família do aluno e este deve respeitá-la como autoridade do ensino, alguém que está na sala de aula para ensinar e exercer o papel que não se confunde com qualquer parente. Maneira de disciplinar e manter respeito, sem a necessidade de perder a ternura. E pensar que só através da Educação é que o Brasil construirá um futuro promissor, uma sociedade mais justa e a certeza de vivenciamos nossa liberdade , sem sustos !