A crise política
Tem muita gente que fala e critica os militares quando estes tomaram o Poder e instalaram um governo austero no país, sem, no entanto, terem vivido naquela época e nem sentido como realmente foram os anos sem desassossego. É verdade, pois quem não atentou contra a ordem pública e não extrapolou os limites da boa convivência social, não sofreram nenhum reflexo e nem trauma que muitos dissidentes alardeiam. Sim houve mortes, torturas e ameaças de ambos os lados; alguns oponentes do regime tomaram o caminho da Europa para viver muito bem aquinhoados as custas de simpatizantes e outros foram para o Uruguai viver em suas propriedades rurais.
O Arraes que foi um comunista militante em Pernambuco, político e ativista, ficou “preso” em Fernando de Noronha usufruindo as belezas do arquipélago, em uma casa de varanda que eu conheci, pois ela faz parte do turismo local. Os estudantes da Une grafitavam muros, faziam assembleias e cercos em prédios públicos, mas que em nada afetavam o cotidiano. Vivi por inteiro o período revolucionário, desde os anos acadêmicos até parte de minha vida profissional como Promotor de Justiça, sem nunca ter havido uma só interferência governamental no exercício de minhas atividades. E quando os civis retomaram o Poder passei a viver com mais sobressaltos e insegurança do que no chamado pejorativamente de “anos de chumbo”.
O levante militar teve razão de ser, embora muitos contestem. Cabe a História julgar. Todavia, na atual conjuntura nacional, parece precipitado e desarrazoado o coro de vozes que pedem aos militares a retomada do Poder para evitar a trama urdida por alguns políticos para cassar o Presidente da República, posto que este é um militar e a maioria dos ministros também. Vale acrescentar que o Presidente é o Chefe Supremo das Forças Armadas, portanto, um Chefe da Nação legitimado para enfrentar a crise política engendrada, dentro dos parâmetros legais e com respeito à democracia.
É verdade que não tem o respaldo do Chefe do Judiciário e de seus confusos pares Togados, que bem poderiam impor a ordem jurídica no imbróglio em efervescência, serenando os ânimos e ímpetos do Maia, Alcolumbre e outros menos representativos. Mas, mesmo sem estes o Presidente que tem as rédeas do país e o respaldo dos próprios militares e dos cidadãos de bem, tem todas as armas legais para reverter a crise em seu favor, sem o abuso extremo.
A democracia por mais defeitos que possa ter ainda é a melhor maneira de se viver em sociedade, por primar que todos tenham igualdade de oportunidades. Talvez por isso seja difícil a convivência, vez que a isonomia colide com a natureza humana que busca antes de tudo a própria satisfação pessoal. Mas é indispensável aprender a viver e respeitar o modo heterogêneo dos que vivem em um mesmo grupamento humano formando um país.
Sempre existirão os do contra, os libertinos, os ladrões, corruptos e mal intencionados, os bons e maus políticos, os medíocres e oportunistas, e saber combatê-los é a temperança dos bons governantes. E Bolsonaro tem o melhor escudo para usar no combate: a honestidade. Se não se deixar perder pela imprudência e exagerada retórica e souber se comunicar com o povo, sem bravatas, mas de maneira respeitosa e coerente dará um cheque-mate em seus oponentes obrigando-os a arrefecer seus ímpetos.
A crise pelo tamanho que se encontra ainda está no campo da retórica e das ofensas, jamais na iminência da força, portanto plenamente contornável. Está ainda muito longe do povo sair desesperado pelas ruas e clamar por uma intervenção militar. Contra uma oposição sem representatividade e nem estofo moral, basta lutar com astúcia e bom senso, porque não se deve usar baioneta quando se tem um bom e afiado canivete...
“Clamar por uma intervenção militar num país livre e democrático, apenas para confrontar com uns algozes sem credibilidade, é exagerar na dose do remédio. Nem o Maia, Alcolumbre e Toffoli juntos, tem força suficiente para derrubar um pé de bananeira. Imagine para querer derrubar um militar que é o Presidente da República e Chefe Supremo das Forças Armadas”.
Edson Vidal Pinto
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