A Grandeza de dizer Não Sei
Quanta empáfia de seus integrantes e quantos absurdos são ditos na CPI do Senado da República que investiga (?) o programa governamental de combate à pandemia do Covid - 19, sem falar na truculenta falta de educação e descortesia àqueles que são intimados para prestar esclarecimentos. Nunca em um espaço tão pequeno daquela Casa serviu de palco para reunir a pior corja de políticos que retrata a pequenez da Câmara Alta, escolhidos a dedo dentre os piores para “brincar” de juízes sem toga.
É claro que o relatório final será a grande “piada” do ano pois ninguém espera milagre de um bando de desmiolados. Embora não tenha mais estômago para aguentar estultices foi sem querer que manobrando o controle da TV me deparei com uma cena da CPI querendo extrair a fórceps a “confissão” de uma infeliz testemunha, com esta respondendo inúmeras vezes “não sei” sem adiantar nada. Pois o Renan teimava em reperguntar quando não resisti mais e mudei de canal. Parecia um filme do tempo da famigerada Inquisição com o Torquemada usando e abusando de sua arte maligna de vencer pelo cansaço os acusados de heresia.
Lembrei quando a singela frase “não sei” bastava para encerrar qualquer inquirição ou demonstrava o caráter da pessoa humilde e sábia em confessar seu desconhecimento sobre determinado assunto. Tem muitos que relutam em dizer “não sei” com receio de perder a respeitabilidade. Pura estupidez. Lembro de uma memorável palestra do Prof. Damásio Evangelista de Jesus, saudoso Procurador de Justiça do MP de São, quando na Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP abordava o anteprojeto da Lei da Ação Civil Pública ( No. 7.347/85) de sua autoria (na parte penal) e da saudosa Prof. Ada Pelegrino Grinover (na parte do direito civil). A platéia estava lotada por profissionais, estudantes e professores de Direito. De repente um aluno perguntou ao palestrante se ele não acharia melhor que que um determinado tipo penal tivesse uma redação diferente e justificou o porquê. O prof. Damásio pensou algum tempo sobre a proposta e respondeu :
- Não sei responder, nunca pensei nesta hipótese!
A plateia então levantou e aplaudiu o Mestre em pé pelo exemplo de humildade e grandeza moral. E é assim mesmo que se espera de qualquer pessoa responsável, sempre um gesto de grandeza e não como fazem muitos que tentam esconder o que não sabem procurando sair pela tangente.
Vale também para os que tenham errado ou ofendido alguém e depois num gesto de reconhecimento e arrependimento pede desculpas. Não tem quem um dia não tenha cometido uma grosseria ou escrito o que não devia, pois a infalibilidade não faz parte da natureza humana. Lembrando sempre que ser humilde não é sinal de fraqueza mas de coragem interior capaz de transpor qualquer obstáculo …
“Saber dizer “não sei” denota humildade da pessoa e grandeza de espírito por não querer enganar ninguém. Além do mais mentira tem perna curta e não leva o soberbo há lugar nenhum. Pois a verdade surge quando menos se espera.”
Edson Vidal Pinto
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