A inocência sem crise
O planeta está doente porque um vírus nascido em razão da promiscuidade que infesta o meio ambiente tem transtornado a vida dos seres humanos e desafiado a ciência. Em pleno século XXI quando a civilização atingiu o seu apogeu de glórias, graças ao avanço da tecnologia, desceu subitamente uma sombra negra que está matando e aterrorizando vidas e sonhos. O mundo com isto perdeu a sua graça.
Estamos prisioneiros de nós mesmos com nossos espaços delimitados pelo medo e sentindo a dor da ausência daqueles que queremos bem, pois o isolamento social não nos permite compartilhar uma convivência harmoniosa como sempre desfrutamos. Sem querer estamos ficando cada dia que passa com a alma amarga em razão de uma situação nunca imaginada; as notícias que ouvimos nos trazem mais preocupações, incertezas e sobressaltos.
Estamos vendo a economia desabar e com ela por mais otimistas que queiramos ser só enxergamos um futuro incerto; e daí então, pensamos nos nossos filhos, netos, parentes e pessoas mais jovens que tem ainda pela frente um longo caminho a percorrer. E o que lhes reservará o amanhã? Eis uma incógnita que não sabemos responder, mas nos entristece e faz muito mal.
Sabemos que estamos perdendo momentos de nossas vidas no isolamento e remoendo ideias que nos abatem -, embora estejamos mais do nunca com os olhos voltados para o Alto buscando estreitar nossa crença em Deus Todo Poderoso para que Ele nos faça encontrar a saída para o impasse, o que é muito bom e confortador por religar a nossa fé no Criador. Mas é pena que estamos esquecendo de sorrir. O sorriso nos lábios é o imã universal que atrai empatia e nos torna mais humanos, daí porquê perdidos em nossas egoísticas elucubrações, não podemos deixar que nossos lábios esbocem mensagens de alegria.
Mas eis que de repente um amigo muito fraterno posta no Wattsap a imagem de duas crianças, ao que parece irmãos gêmeos, na inocência de seus três aninhos ou um pouco mais, dando gostosas gargalhadas e dividindo arteiramente uma garrafa de plástico contendo laranjada. Em seguida grafou um pedido: “Nesse tempo de carrancas sorrir é necessário e pode ser tema de boa crônica”. Foi o suficiente para me motivar a escrever estas linhas. Depreende-se da figura em que estão os dois meninos, que enquanto um toma o suco o outro ri e vice-versa como se estivessem vivenciando um transe mágico, que só as crianças conhecem muito bem.
Não dá para saber o que estão falando mas com certeza é a língua dos Anjos, pois não se aguentam de tanto rir. E seus sorrisos são contagiantes porque os sons de suas gargalhadas repercutem como sonoridade ansiada por um soldado entrincheirado aguardando o armistício de uma guerra. Sim porque depois do combate ver o sorriso no semblante do amigo ou do inimigo é poder sentir a alegria de estar vivo. E nós então ? Sabidamente enredados nas teias de um vírus medonho, não podemos jamais perder o ânimo de acreditar em dias melhores e nem deixar de estampar no rosto um sorriso de amor e esperança.
Talvez com este singelo sinal com os lábios, possamos transpor os muros de nosso próprio gueto e alcançar o nosso próximo, para que juntos possamos reencontrar a fraternidade nestas horas tão incertas. E sorrindo quem sabe possamos dar gargalhadas como os dois inocentes meninos e assim espargir para as demais pessoas a felicidade. E o vírus? Com ou sem ele o sorriso nunca deverá faltar em nossas vidas, por pior que sejam os obstáculos que teremos de enfrentar ...
“Na magia das palavras uma lição para a vida: “Sorria mesmo que o teu sorriso seja triste; porque mais triste do que um sorriso triste é a certeza de não saber sorrir”“.
Edson Vidal Pinto
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