A Maré Não Está Para Peixe
O caldeirão nacional está fervendo mais do que nunca a ponto de deixar em sobressalto quem ainda exerce o direito de opinião, assegurado na Constituição Federal, pelo perigo iminente de sofrer represália por tal ousadia. Ontem nas redes sociais o jornalista Alexandre Garcia postou sua matéria diária, em que aborda sob criteriosa ótica a situação política brasileira, diretamente de Portugal onde buscou exílio voluntário a fim de poder exercer livremente sua profissão. Na sua manifestação disse que iria se valer da plataforma “X”, de leitura livre e sem nenhum óbice naquele país, para poder contar ao seu público leitor tudo que está ocorrendo no âmago da crise construída pelo STF, sem receio de ser preso. Eis aí, um fato que, embora de iniciativa individual de um jornalista do livre pensar, merece reflexão daqueles que pensam que o problema que está chegando no portão de nossa casa, pertence aos outros, pois ele nunca vai nos atingir. Ledo engano. A democracia no sentido mais amplo da palavra permite que opiniões antagônicas, sejam elas quais forem, mereçam igual respeito e impõe como Ordem a obediência às leis para que sejam assegurados os pontos de vista. E quando existir cerceamento a este direito do livre pensar nasce o autoritarismo e a democracia perde o seu principal brilho. Daí, então, uma escalada subsequente de outros fatos, que vão acabar de sepultar em definitivo a democracia no país. Esta é a verdade nua e crua. Putz, a ponto chegamos em menos de dois anos do Luiz Ignácio no poder, com a Suprema Corte de antena ligada para impedir vozes contrárias, insurgências de adversários e dissidentes que se oponham contra essa Nova Ordem escorada em ideologia castradora. E as FFAA devidamente aparelhadas no seu alto comando, de prontidão, para evitar protestos populares, e pronta para cumprir ordens sejam elas antipatrióticas ou ilícitas. Ao menos é o que parece, depois das prisões acontecidas no dia 08 de janeiro, em Brasília. E assim, a sociedade civil cada vez mais murcha perde sua representatividade -, pudera a sombra negra do infortúnio e do medo paira sobre as cabeças daqueles que estão na chuva torrencial sem medo de se molhar. Tempos difíceis pelos prenúncios de incertezas. Não, não sou arauto da desgraça, apenas retrato o cotidiano dos acontecimentos com os pés no chão, sem paixão e nem viés político partidário ou ideológico, apenas com os olhos voltados à lei. Foi esta que defendi e me curvei ao longo de toda a minha vida profissional, jamais deixarei de cumpri-la, custe o que custar…
“O cheiro que está no ar não é nem um pouco agradável, tem o odor do azedume vindo das masmorras, como se todas as portas estivessem escancaradas aguardando novos condenados. Será mera impressão? Olhe bem, não faltam verdugos e nem saqueadores, num reino sem Lei.”