A triste história da Lava Jato
Nunca na história do Poder Judiciário brasileiro uma Operação da Policia Federal conhecida no mundo todo como “Lava Jato” estremeceu tantos os pilares da República, por ter alcançado políticos desonestos e empresários corruptores, a ponto de merecer manchetes até hoje em dia. E como todo inquérito policial começou apurando dinheiro desviado da Petrobras, por ser crime de competência da Justiça Federal, daí todos os procedimentos conexos foram distribuído à 13 Vara Criminal do Foro Federal de Curitiba, cuja competência (desde o início) foi questionada e rejeitada em diversos julgados pelos tribunais recorridos. Os advogados de defesa queriam mas não conseguiram remeter os procedimentos ao Foro Federal do Rio de Janeiro, via de consequência, os processos em razão da preclusão permaneceram sob a presidência do então Juiz Sérgio Moro. As acusações ficaram a cargo de uma equipe do MP federal chefiada pelo dr. Dallagnol. No início o país estremeceu com a inusitadas investigações e pelos destemores com que o Juiz e Promotores enfrentaram os poderosos que enriqueceram às custas do povo. Mas como o principal envolvido era o Luiz Ignácio atuavam na sua defesa um rosário de experientes advogados criminalistas que desde o início não pouparam recursos para o TRF-4, STJ e STF na tentativa de livrarem o dito cujo dos crimes que perpetrara. Só em Habeas Corpus foram dezenas deles. As provas do processo não permitiram outra saída para ele e aos demais acusados, a ponto de alguns admitirem suas culpas, transformadas em delações premiadas com implicações de outras pessoas e apreensões de somas milionárias de dinheiro que foram desviadas para o exterior. Muitos destes valores, depositados em paraísos fiscais, foram devolvidos ao Brasil e as suas respectivas vítimas. O Luiz Ignácio à luz de abundante prova foi condenado e preso. O povo brasileiro aplaudiu de pé as performances dos homens de ouro da Justiça; pois onde eles passavam ou se apresentavam em público, muitas vezes dando palestras, havia sempre elogios, aplausos e reconhecimento unânime. Ops, unânime não, pois o lado podre dos milionários corruptos e políticos pervertidos que foram identificados e presos, também contrataram hábeis advogados para defendê-los, nascendo, também, dentro da própria Justiça um tribunal inteiro que se posicionou contra a “Lava jato” e os jovens heróis brasileiros. Daí surgiram críticas ferinas partidas de dentro do STF que foram rebatidas a altura pelo Juiz e Promotores que atuavam nos processos, só que estes esqueceram que seus detratores eram muito mais fortes e poderosos, portanto, ficaram vulneráveis e a mercê de seus ódios. Embora o ódio maior fosse do Luiz Ignácio, então um político decadente, preso e sustentado por um bando de esquerdistas que torciam pelo caos da Justiça do país. Quando de repente aconteceu o pior: o presidente Bolsonaro para garantir a governabilidade compôs com o denominado “Centrão” (um grupo mercenário do Congresso Nacional) e fez de tudo para enfraquecer a “Lava a jato”, pois muitos de seus novos colaboradores estavam envolvidos em processos que “dormem” na Suprema Corte e temiam pela nova cara da Justiça. . E para se reeleger no cargo de Procurador-geral da República (MP) o dr. Aras, em razão do pedidos de demissão do dr. Dallagnol, tirou o poder de fogo da acusação e desprestigiou seus subalternos que ficaram no anonimato. E deu no que deu: o STF ressuscitou o Luiz Ignácio quando anulou os processos ao reconhecer a incompetência da 13a. Vara Federal de Curitiba para julgar os processos da Lava Jato, também acolheu a parcialidade do Juiz da Causa e , como pedra de cal, anulou todas as provas compiladas. Os ladrões, corruptos e os empresários corruptores foram soltos e o país passou a desacreditar na sua Justiça. A esperança de mudança deixou de existir. Mas os raios da vingança continuaram fazendo estragos contra todos àqueles Magistrados e Promotores que atuaram, por dever de ofício, nos processos da Lava Jato.
Anteontem, por exemplo, o Corregedor do inconstitucional Conselho Nacional de Justiça, em decisão isolada, afastou quatro Juízes Federais de seus cargos, sustentando (?) que soma considerável de dinheiro recuperado do exterior nunca foi devolvida à Petrobras e que os mesmos pretendiam com tais valores constituir uma “fundação” para auferirem vantagens ilícitas. Todos os envolvidos contavam com a orientação e conivência do senador Sérgio Moro. Ilações ou verdade? Alegações provadas ou metas conjecturas? A intenção é imputar ao Senador Moro a prática de crime para, em razão do mesmo gozar de foro privilegiado (se não for cassado pelo TSE ), ficar sujeito a “justiça” do STF ? Seja como for a decisão do Corregedor aparentemente afrontou as garantias da Magistratura, havendo dúvidas, também, quanto a lisura do seu ato, pois a deputada federal Gleisi Hoffman regozijou-se com os afastamentos …
“Parece que o mundo jurídico brasileiro vive os horrores de um pesadelo. Quando os Magistrados estão sujeitos a perderem suas garantias para judicarem; e suas decisões e atos ficam sujeitos ao crivo de um órgão administrativo, é porque a democracia mudou de país.”