A vida pública e a verdade
Penso muito na crise moral que tem abalado a reputação dos administradores públicos e dos políticos em geral. Sim, porque não é fácil separar o joio do trigo, quando as notícias veiculadas trazem mais inverdades e pouca contribuição útil à opinião pública. E para agravar a situação dá a impressão que governantes e autoridades esquecem princípios e valores morais quando estão, temporariamente, no exercício de cargos públicos relevantes, tratando assuntos de Estado com superficialidade para não desagradar seus superiores hierárquicos. E os políticos melhor do que ninguém desdenha de assuntos relevantes apenas para atender interesses próprios.
Dias atrás na Assembleia Legislativa do Paraná o dep. Romanelli e com certeza não deve ter sido o único, num arroubo de puro oportunismo, arregimentou prefeitos de municípios pobres para protestar contra uma possível proposta de Emenda Constitucional visando extinguir no país os municípios que não têm a mínima sustentação econômica.
A iniciativa da extinção gerada no âmbito do Senado da República contou com o apoio do lúcido Sen. Oriovisto Guimarães, do Paraná. A extinção foi aventada por ser factível com a realidade administrativa do Brasil, pois não tem mínimo bom senso manter Municípios sem condições econômicas só para criar empregos e redutos políticos. Essa é a verdade insofismável. Daí a pergunta: pode o Estado do Paraná contar com trezentos e noventa e nove municípios? É claro que não.
Lembrando que uma região que possa atender o número mínimo de habitantes para preencher os requisitos constitucionais exigidos e sem previsão de aporte financeiro para lhe dar sustentação, por si só, não poderia ter sido elevado de distrito para Município. Pois como edificar prédios públicos para abrigar a Prefeitura e a Câmara Municipal, além disto, criar corpo de funcionários públicos para atender ambos os Poderes e dar atendimento à população? E as escolas municipais? A saúde pública? E a segurança dos prédios públicos? E a compra de veículos e maquinários? No Paraná às criações de pequenos Municípios atendeu exclusivamente interesses eleitoreiros para criar feudos e permitir perpetuação de famílias nas hostes da politicalha.
E velhos caciques souberam muito bem transmitir referidas heranças aos seus herdeiros. Esta a ciranda da política que permite sempre aos mesmos permanecer mamando no Poder. Ou alguém pode achar que a proposta encampada pelo Sen. Oriovisto seja despropositada? Mas é sempre assim: quando algum assunto relevante é colocado na pauta de importância para o bem do país, sempre surgem vozes menores para impedir as melhorias necessárias. É um verdadeiro “cabo-de-guerra”, uns puxam de um lado da corda e outros do outro lado, e nem sempre o lado bom ganha.
É por isso que o Brasil com todo o seu gigantismo territorial, com riquezas incomparáveis e um povo trabalhador, parece não sair do lugar porque forças ocultas (conhecidas por todos) torcem pelo “quanto pior, melhor”. E que os Municípios miseráveis continuem como estão: dando emprego para prefeitos, vereadores e funcionários públicos, implorando do estado e da União as verbas públicas para pagar salários, para só assim, poder dar votos aos deputados do feudo; e o povo que se vire como Deus mandar. E o pior é que ninguém sai para a rua a fim de protestar...
“Quando a iniciativa para melhorar o Brasil é necessária; tem políticos que se unem para fazer oposição. Mundo estranho este da política partidária, pois os que pensam em favor do país são sempre minoria. É ruim de tudo é que os eleitores são cegos ou não querem enxergar!”
Edson Vidal Pinto
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