Amigo?
Pobre para se dar bem na vida tem que ter sorte: saber jogar futebol ou trabalhar na Globo. No passado as pessoas mais velhas diziam que existem duas possibilidades de ser rico: nascer rico ou casar com mulher rica.
Época em que não existia a sacanagem de ser político para viver das benesses do estado. No mundo moderno não tem mais sentido enriquecer pelo suor do trabalho. Pois garimpar nos degraus da meritocracia é um caminho árduo e reservado apenas para os honestos. E ser honesto presentemente não dá vantagem imediata e cansa.
Logo, os primeiros atalhos são as mais utilizáveis e “perseguidos” pelos apressadinhos. Só que de repente, como num passe de mágica, surgiu outro “filão” para enriquecer: ter “àquele” amigo! Sim, um amigo incomum, não apenas os que nos acompanham e sofrem conosco nas horas de infortúnios, que torcem por nós e querem o nosso bem.
Não, estes não estão no rol desses “amigos especiais” que apenas uns e outros têm com exclusividade e se gabam de nunca faltarem. Foi o Aécio Neves, o neto do famoso Tancredo Neves, que inventou o novo modelo e apresentou as condições exigidas para ser um amigo especial.
Este tem que ser um empresário abonado, corrupto, leviano e ávido em querer obter lucros estratosféricos e, principalmente, ser mão aberta. Sim, tem que saber atender às necessidades dos amigos “emprestando” dinheiro vivo, milhões de reais, sem exigir garantia e nem fiador. E mais: contribuir com pequenas mesadas de cinquenta mil reais por mês, para suprir a subsistência mínima do amigo pobre.
E tudo sem exigir contrapartida, nem cobrar juros ou corrigir o valor da moeda. Pois é assim o amigo do Aécio, o Wesley Batista, um sujeito bom e disposto e que está sempre de bolso aberto:
- Batistinha pode descolar uns trocadilhos de quatro milhões de reais?
- Só isso? Não quer mais?
- Não, é apenas para passar o mês...
- Tá me deixa ver se eu tenho na minha carteira. Hum, não há de ver que tenho!
Isto é que é um amigo, não é mesmo? O Aécio pede e é prontamente atendido, sem precisar deixar rastro do pagamento com cheque ou transferência bancária. E tudo legal, um simples empréstimo entre particulares, coisa comum de acontecer na sociedade.
Qual o mal de pedir ou emprestar dinheiro para um amigo?
- Tem gente que só pensa coisas erradas! É crime pedir dinheiro emprestado para um amigo? Onde está escrito no Código Penal? A denúncia formulada contra mim demonstra a má intenção do Ministério Publico. Logo eu, que não cheiro e nem fedo? Ah! Pensando bem acho que o Aécio tem razão. Qual o pecado que ele cometeu? O de emprestar dinheiro de um amigo? Ora, vamos e venhamos, se o Wesley não tivesse, não teria emprestado. Imputar a culpa porque o empresário tinha quatro milhões de reais no bolso e por isso atendeu o apelo do amigo necessitado, não pode merecer censura criminal. É um ato de solidariedade cristã. Ademais, duvidar de duas pessoas idôneas e acima de qualquer suspeita, só por pura sacanagem. Prender o Aécio? Deus nos livre não quer que ele seja mais um preso político da democracia brasileira!
E se vier a ser preso, numa “cela” solitária do terceiro andar da Polícia Federal, com certeza não faltarão coxinhas para acampar nas imediações da prisão, afrontar os moradores da vizinhança e promover atos de vigília cívica.
Com certeza o Boff, aquele que se diz sacerdote, e algum ganhador do prêmio Nobel, vão querer visita-lo. E o FHC virá com igual propósito e vai entrar na Superintendência do dr. Valeixo, nem que seja na “marra”. Tudo por que? Porque um amigo emprestou uns tostões de dinheiro para o outro. Putz, não sabem não, que brasileiro é bonzinho?
“Emprestar dinheiro de pessoa física só sendo de parente ou agiota. A não ser que o tomador tenha amigos muito especiais. O Aécio é um privilegiado por ter um anjo no seu caminho. E emprestar de anjo, não é pecado e muito menos crime!”
Edson Vidal Pinto