Amor, Sublime Amor!
Começou o último mês do ano e nas lojas as vitrines estão decoradas com símbolos natalinos.
É o momento em que o amor aparece nos corações das pessoas, sim porque a aproximação do Natal contagia a todos, pois é o mês quase mágico por envolver o planeta num clima de aparente harmonia.
É quando existem tréguas nas trincheiras dos combatentes; nas diferenças de opiniões; entre Coxas e Athleticanos; e as armas de fogo, tacapes e pedras são deixadas de lado. Só amar interessa nada mais. E como é bonito encontrar verdadeiros enamorados neste cenário sublime. E por sorte o Brasil foi abençoado por ter um casal de humanos que é um verdadeiro protótipo do amor mais puro e verdadeiro.
E para poder testemunhar a conversa desses dois apaixonados, me fantasiei de jararaca e fiquei enrolado num galho da árvore, sob a qual os amantíssimos estavam em delírio:
- Eu tenho vontade de engolir você...
- Calma, companheira, tudo tem o seu devido tempo.
- Ah, mas eu quero! Eu amo os teus olhos, gostaria de poder engolir um e depois o outro...
- E como vou enxergar?
- Não precisa: eu enxergarei por você, os meus olhos serão os teus olhos...
- É brincadeira, né?
- Claro “gatuninho” do meu coração; é claro que é brincadeira.
- Ah, bem. Porque já não tenho a metade de um dedinho e sinto muito falta do mesmo, não gostaria de perder os olhinhos...
- Posso fazer uma pergunta, amor?
- Claro, responderei tudo que você quiser.
- Jura?
- Juro, bobinha.
- Você me ama mais do que a Galega?
- Muito, muito mais...
- E do que a Amante?
- Bobagem, está foi só um amor platônico.
- E mais do que a Benedita?
- Putz, que ideia mais sem lógica...
- É, mas foi o Pallocci que me falou.
- Intriga desse traíra, pois só tenho olhos para você!
- Então por que não posso comer os teus olhos?!
- Janjinha, para com esta conversa canibalesca; eu amo você. Escute bem: minha palavra só não basta?
- Palavra de um “gatuninho” sozinha não aceitarei. Quero provas do seu amor.
- Quer prova maior do que eu ter falado para todo o país que quando sair da prisão, vou me casar com você?
- Mas você saiu e até hoje ainda não casamos...
- Tudo por culpa dos “coxinhas”!
- Ué, por quê?
- Eles não me deixam sair na rua e muito menos entrar num cartório para casar!
- É, mas poderíamos ao menos casar na Igreja do PT.
- Impossível...
- Por quê a bispa Gleisi não autoriza?
- Não, não é por isso.
- Então por quê?
- Porque dezembro é o mês do meu nascimento e não posso sair da manjedoura.
- Sei, então só casaremos no ano que vem?
- Não tem outro jeito, companheira.
- Puxa, eu deveria ter pedido demissão da Itaipu...
- Não chore, eu vou casar com você, te dou minha palavra de honra!
- Mas “gatuninho” você não tem honra, esqueceu?
- Posso não ter, mas tenho muito, muito, muito, dinheiro!
- Ah, eu queria tanto ouvir isto. Com uma declaração como esta é claro que vou esperar para casar com você. Você é tudo que quero na vida!
- Janja, você é a mulher dos meus sonhos!
E os dois se beijaram apaixonadamente. Eu enrolado no galho da árvore, só sibilei...
“O amor é um dos sentimentos mais nobres que o Criador deu aos seus filhos. Não tem lógica, nem raça, nem explicação e nem hora. É uma magia que aparece do nada e nunca acaba, quando é sempre cultivado. As vezes muito dinheirinho no bolso também ajuda a construir este nobre sentimento entre um homem velho e uma moçoila!”
Edson Vidal Pinto