Anarquia Geral.
A ociosidade que me envolve nos dias chuvosos de Guaratuba leva minha imaginação cada vez mais treinada a construir castelos de fantasias e absurdos. Pois não há de ver que pensei até em editar no Facebook um espaço só de bugigangas e cretinices onde qualquer um pudesse postar o que bem entendesse para quem quisesse ler. Sem patrulhamento e nem críticos que primam exclusivamente pelo que é verídico, certo e legal.
Um espaço livre como andorinha que servisse de fonte de pesquisa e riso ao mesmo tempo, sem preocupações maiores e muito menos sem procurar saber se o teor da postagem é verdadeira ou não. Seria uma espécie de disco de vinil das antigas vitrolas então chamado de LP, com cada faixa contendo verdades e mentiras, risos e tristezas, cretinices e ironias e tudo o mais que torna a vida das pessoas um mar de dúvidas. Claro que na esperança que cada participante pudesse digerir como fake ou não o que acabara de ler.
A liberdade de “produção” iria além da própria imaginação onde valeria tudo, menos palavrações e obscenidades, porque não teria censura etária para que qualquer criança pudesse ler e participar. É claro que seria uma verdadeira colcha de mil retalhos porque não faltaria assunto por pior que fosse o texto -, pois queiram ou não para cada um dos sedizentes honestos e críticos indormidos, não faltam os farristas e baderneiros de primeira e última hora. E eu gostaria de estar na Comissão de Frente abrindo o cortejo e esparramando bom humor e ironia para todos os lados, sem dó e nem piedade. E começaria descendo a lenha naqueles que se dizem “honestos”, juram que são “honestos”, tem jeitão de “honesto” e a verdade sabida prova que são embusteiros, maus pagadores e políticos por natureza.
Ah, seria um espaço para desmascarar os “arrota perus”, jornalistas tendenciosos, juízes sem timbre e “otoridades” sem escrúpulos. Tudo isto numa só faixa do LP. Na outra um punhado de sofismas para justificar as anulações dos processos da Lava Jato e para não excomungar os inquilinos de suas cadeiras no STF. Seria uma zorra a página em questão no Facebook.
Uma outra faixa do disco seria dedicado a campanha eleitoral do ex-aposentado Requião na sua pretensão de chegar à governador do estado, com certeza será um espaço sui generis e servirá para morrer de rir. É claro que já estou no futuro e pensando na sua tradicional “escolinha” transmitida pela TV do próprio governo.
Com certeza na época não existiu circo melhor em Curitiba. E assim por diante: cada participante poderia contribuir sem restrições e nem censuras só para irritar os que pensam diferente e para azedar o fígado desta gente, do que tentar merecer qualquer credibilidade. Será por assim dizer um verdadeiro Globo da Morte onde cada motociclista poderá pilotar sua moto para qualquer lado da esfera. E com os motores acionados e dada a largada seja o que Deus quiser…
“Tem muita gente chata patrulhando o que é fake e o que não é fake no Facebook; pois como principiante de anarquista gostaria de instituir um espaço que pudesse tudo. Uma espécie de quadro do Dalí onde desse lugar para qualquer risco, sombra, contorno e abstração. Onde quem pudesse mais chorasse menos.”
Édson Vidal Pinto