Ande Em Má Companhia e Depois Assuma
A grande preocupação dos pais sempre foi zelar para que os filhos não andem com más companhias e nem frequentem ambientes impróprios aos bons costumes. Indivíduo desocupado e sem emprego nunca foi boa companhia para ninguém e os pais zelosos para que seus filhos sejam cidadãos de bem, úteis, profissionais honrados e chefe de família exemplar sempre adotam todo o cuidado para evitar esse tipo de convivência danosa e indesejável.
Muitos jovens e outros mais maduros no arroubo de quererem gozar total liberdade driblam da vigilância ou esquecem os conselhos de seus genitores e muitas vezes acabam sofrendo reveses na vida por conta de atitudes impensadas.
Daí no adágio popular existe uma frase certeira que com poucas palavras define o conceito de uma pessoa: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.” Lamentável que na vida pública do país tem autoridades que deixam de lado a respeitabilidade do cargo que ocupam e convivem com o que há de pior na sociedade.
Evidente que quem participa de festas promovidas pelo Fernandinho Beira-Mar com absoluta certeza não é boa flor que se cheire. Não esquecendo nunca de outro dito popular de que “os semelhantes se atraem”.
Fiz este preâmbulo para desenvolver o tema de fundo desta crônica e no seu epílogo mostrar o poder do ódio e de destruição contra o desafeto de um seu amigo. É o caso mais atual que enrosca o dr. Deltan Dallagnol com o Tribunal de Contas da União. Um episódio sem precedentes e aparentemente absurdo.
Como sabido o dr. Dallagnol chefiou uma equipe de Procuradores da República responsável por acompanhar os inquéritos policiais da Polícia Federal na chamada “Operação Lava Jato” , cabendo-lhes por atribuições de seus Ofícios o dever de denunciar eventuais implicados em crimes e zelar pelas respectivas acusações até seus ulteriores termos.
Vale acrescentar que dita operação policial teve ramificações em diversos estados e em cada um deles foram criadas iguais equipes de acusadores públicos. A complexidade com certeza exigiu que os agentes do Parquet tivessem que se deslocar de um lugar para outro, inclusive para o exterior a fim de levantar quantias em dinheiro ilegalmente obtidas e aplicadas nos chamados “paraísos fiscais”.
E valores expressivos foram recambiados de volta para o Brasil conforme noticiou a imprensa. Parece óbvio que o agente publico quando se desloca a serviço de sua cidade de origem para qualquer outro lugar tem direito a “diária” para cobrir suas despesas de hospedagem, alimentação e transporte.
Nesta não ficam contabilizadas as despesas aéreas que são quitadas diretamente pelo Erário Público. Embora o dr. Deltan tenha chefiado a equipe de trabalho e recebido diárias há que fez jus, não é o ordenador de despesas da Procuradoria Regional da República, pois esta tem chefia e setor financeiro que elabora os documentos da contabilidade do setor.
Ele com certeza em razão da necessidade do serviço e dos deslocamentos foi quem requereu a verba indenizatória, nada mais. O critério de sua concessão ficou por conta de outrem atendendo-se a disponibilidade orçamentária para deferir ou não o pedido.
Esta é a regra geral no âmbito da Administração Pública como um todo. No curso dos processos o dr. Deltan teceu duras críticas aos inquilinos do STF e por denunciar políticos poderosos granjeou inimizades gratuitas. Só que os processos não deram em nada; o STF anulou todos eles, soltou os condenados que estavam preso e restou fragilizada as atuações do Juiz Federal de Curitiba e todos os membros da equipe do dr. Dallagnol.
Foi um desmonte geral : pedidos de exonerações e aposentadoria. Não fosse a possibilidade de ingressar na política o dr. Sérgio Moro e o dr. Dallagnol, os dois principais alvos do revanchismo odioso, estariam hoje amargando o mais terrível ostracismo.
Em São Paulo o dr. Moro foi despejado a pretexto de não ter provado seu domicílio eleitoral embora sua mulher , também pré-candidata a cargo eletivo por aquele estado, não teve nenhuma objeção. E o dr. Dallagnol foi instado por um “Ministro” do Tribunal de Contas da União para devolver as diárias recebidas e consideradas hipoteticamente como indevidas.
A corda sempre arrebenta para o lado do mais fraco. E sabe qual o ministro do TCU que está espezinhando a vida do ex-Procurador da República? Um amigo íntimo do Luiz Ignácio de nome Bruno Dantas que há dias atrás participou de festa de pré-lançamento daquele ao cargo de Presidente da República.
Não é preciso dizer mais nada, não é mesmo ? Este é o desenho do atual momento da Administração Pública brasileira onde o favoritismo, os conluios escusos nascidos no seio de grandes amizades e tramas urdidas com ódio nos bastidores e corredores dos poderes, se prestam para afrontar a inteligência do povo, sem o mínimo pudor e medo da Lei.
Combater o crime no país leva à cadeia; locupletar-se indevidamente de numerários, benefícios e esbanjar favores leva o autor aos píncaros da glória e do poder …
“No enredo de filme nacional os bandidos assaltam os bancos, matam os xerifes e seus auxiliares, casam com as mocinhas, vão morar em fazendas e criar milhares de cabeças de gado. E a 7a. Cavalaria fica no alto do morro assistindo impávida as cenas degradantes. E o povo não sabe para onde ir e muito menos votar”.
Édson Vidal Pinto