Apunhalado Pelas Costas
Quando você pensa que está no fim de uma guerra depois de lutar heroicamente por mais de dois anos sem esmorecer, armado até os dentes e correndo de trincheira em trincheira, tramando diariamente a melhor estratégia para não ser atingido pelo inimigo, eis que de repente este consegue burlar toda vigilância, minas terrestres, arames farpados e de inopino chega e dá uma facada nas costas. Você sente o golpe e cai prostrado.
Eu me senti assim quando uma gripe “covidiana” através de um vírus bem dissimilado e armado com tudo que tinha direito atingiu em cheio as minhas vias aéreas e contaminou meu organismo. Logo eu que nos piores momentos e picos da pandemia driblei o vírus como fazia o saudoso Garrincha para se desvencilhar de seus adversários.
Com o desagradável rumrum na garganta, enroscando na “campainha” e um mal estar incômodo generalizado no corpo fui levado da trincheira para a enfermaria de campanha. Felizmente uma querida médica eficiente e acostumada a tratar de feridos com proficiência ministrou antídotos para recuperar um cardiopata com problema pulmonar, ministrando remédios e recomendando período de repouso longe do campo de batalha.
Estou respirando muito bem e aguardando os acontecimentos com o otimismo de sempre. Mas gente que gripe disfarçada é esta ? Estou vacinado contra ela, também contra a COVID e me sujeitei há tantas outras vacinas como manda o figurino médico, bem como outras genéricas encontradas nas mesinhas de rua dos vendedores ambulantes, porque como cidadão cumpro as obrigações ditadas pelos facultativos mais experientes.
Ademais não quero infectar ninguém por negligência criminosa. E com todo estes cuidados um vírus antipático e traiçoeiro me nocauteou. Putz, e me deu uma tosse chata e irritante; sabe não é aquela tosse antiga e até meio romântica que de quando em quando dava o ar da graça e espargia uma pequena nuvem de vírus que saia pela boca, não mesmo, a tosse de hoje é igualzinho a qualquer militante petista pois é irritante, ataca traiçoeiramente quando menos você espera e proporciona um espetáculo escandaloso.
Pois quando você tosse parece que você está berrando como uma araponga, pois sai um som parecido com serra elétrica cortando madeira maciça e faz arder a garganta. E quando você para de tossir parece que um trator Caterpillar passou sobre a sua cabeça, completinho com esteira dentada e pá carregadeira.
E o pior é a coreografia quando você está deitado : sob o cobertor dá calor e quando você se descobre dá frio; dois minutos com a cabeça no travesseiro parece que você está deitado num montinho de areia ardente sob o calor escaldante do deserto, então o jeito é virar o travesseiro do lado oposto. Só de pensar na cena parece comédia de um ato só. E o nariz ? Ele escorre como uma torneirinha quando você abaixa a cabeça e quando você mira o horizonte ele entope -, mas entope como ralo de pia que não faz passar nem um único pingo d’água.
Deste tsunami corporal tem ainda “aquela” dorzinha generalizada no corpo sem nenhum lugar preferido, parece que o a estampa humana fica hermética dentro de um escafandro para a dor embutida não ir embora e ficar retida no seu interior. Dói da cabeça aos pés, do leste ao oeste, com e sem febre. Só não estou com o peito carregado e nem com chio pulmonar senão já teria visitado meu pneumologista.
Ele sabendo agora do meu estado de putrefação e moagem deve eszar se preparando para ficar no banco deste estranho jogo, aguardando a hora de entrar em campo, se for necessário. Espero que não. Engraçado pensar nisso mas o momento da política brasileira que não é nada positivo e os estranhos chiliques dos ilustres inquilinos do STF que nos faz tanto mal , não chegam a ser mais insuportáveis do que os sintomas desta gripe bem gripe. E não estou exagerando.
Para o leitor ter uma pequena ideia do meu estado de espírito com tudo que estou sentindo basta pensar que está na frente da TV assistindo, mas com vontade louca de ir no banheiro, um programa esportivo comandado pelo Galvão Bueno ou uma entrevista do imortal Gil dada ao jornalista Bial. Você com certeza sente uma sensação de infortúnio, incerteza e desespero, porque não é fácil aguentar esses dois apresentadores sem dar um chute num balde qualquer.
Mas tudo passa, tudo passará, pois nada fica, nada ficará; e neste trecho de uma música do Moacir Franco, vou encerrar estas maltratadas linhas para continuar “curtindo” meus momentos de quarentena …
“Doravante vou tomar vacina de gripe todos os meses; e para não ter COVID uma vacina por semana-, para ter certeza da eficácia desta última quando você toma Ivermectina regularmente. Afinal é melhor previnir do que remediar. “
Édson Vidal Pinto