Aqui Se Trabalha
Como ingressei no Ofício Público quando tinha completado catorze anos de idade, depois que minha saudosa mãe me viu jogando futebol na rua des. Motta com amigos da mesma idade, pois ela teve três irmãos e um cunhado que foram jogadores nos três times da Capital e tinha medo que eu fosse mais um, posso dizer que até completar setenta anos vivenciei como servidor público a gestão de vários governadores do estado do Paraná. Fui nomeado pelo governador Ney Braga para o cargo de “Tarefeiro - Nível 1” (cargo para menores de idade), recebendo um salário mínimo por mês, lotado no setor de rouparia da Maternidade Victor do Amaral, Unidade da Secretaria de Estado da Saúde Pública. Na sucessão de Ney Braga foi eleito (1.965) o dr. Paulo Pimentel, então com 37 anos de idade, tendo como Vice-governador o engenheiro Plinio Franco Ferreira da Costa, após acirrada disputa com Bento Munhoz da Rocha, tendo tomado posse em 31 de janeiro de 1.965. Nesta época eu estava cursando o terceiro ano da Faculdade de Direito da PUC, prestando serviços na Consultoria Geral do Estado, cujo titular era o Prof. Altino Portugal Soares Pereira. E durante o governo do dr. Paulo (outubro/68), fui nomeado Promotor de justiça Substituto Interino (sem concurso) pelo então Procurador-Geral de Justiça Prof. Ary Florêncio Guimarães, tendo sido designado para a Secção Judiciária da Comarca da Lapa. Só no ano seguinte (1.969) é que fiz Concurso Público para ser efetivado na Carreira do Ministério Público. O salário de Magistrados e agentes do MP não era convidativo para que bacharéis de Direito tentassem ingressar nas carreiras, optando pelas mesmas apenas os vocacionados. No ano de minha nomeação (1.968), dias antes de minha posse precária como Interino, o Chefe do MP era o Prof. Alcides Munhoz Neto que conseguiu do dr. Paulo que este mandasse para a Assembléia Legislativa um Projeto de Lei que tratava do “Estatuto do Ministério Público” separando este da Secretaria de Estado da Justiça, dando autonomia à Instituição e vedando a prática da advocacia a todos os seus integrantes. Com a promulgação desta lei o Prof. Alcides requereu sua aposentadoria e no seu lugar o governador nomeou o Prof. Ary Florêncio. No ano de 1.970 o saudoso des. Alcester Ribas de Macedo, presidente do Tribunal de Justiça, conseguiu que o governador valorizasse as carreiras do estado - Magistratura e MP - com salários mais dignos e que possibilitasse atrair mais profissionais para referidas funções relevantes e imprescindíveis à Justiça. E o dr. Paulo acatou o pleito, dando melhores condições de vida e independência econômica para os integrantes destas Carreiras.
Meses atrás o MP prestou homenagem ao dr. Paulo Pimentel, numa festa que mexeu com o coração e reavivou a memória do ilustre nonagenário. É claro que nesta crônica estou relembrando passagens marcantes do dr. Paulo como Governador do Paraná, a começar pelo título “Aqui Se Trabalha” que era o slogan de seu governo, pintado sobre uma roda de cimento, de cor verde, espalhada nas rodovias que foram por ele asfaltadas. É claro que na condição de governador ele foi um empreender que impulsionou o Paraná, primeiro na pecuária quando importou as primeiras matrizes do gado “Nelore”, asfaltou muitas estradas e criou as duas principais Universidades Estaduais no interior, nas cidades de Londrina e Maringá. Hoje, existem outras Universidades espalhadas em diversas cidades e atendendo regiões importantes, propiciando que a juventude possa se especializar nas diversas áreas dos Cursos Superiores. Deixou a vida pública para se tornar um empresário de sucesso no ramo da comunicação, sem nunca se afastar da política. Pois hoje é cabo eleitoral de seu neto Eduardo, vice-prefeito e agora candidato a prefeito de Curitiba. Tenho apreço pelo dr. Paulo, a meu pedido ele fez a apresentação do meu livro “Flagrantes do Mundo Jurídico” (Juruá Editora), mas foi pelo muito que ele fez ao Paraná, que lhe dedico estas singelas linhas…
“Na vida pública do Estado do Paraná pude conviver com ilustres figuras que fizeram história e foram respeitadas a ponto de nunca perderem a autoridade. Muitas já se foram, mas são lembradas, outras permanecem entre nós, nem todas para serem reverenciadas, porém, algumas, para nunca serem esquecidas. E o dr. Paulo Pimentel é merecedor dos maiores encômios”.