As Crônicas Que Escrevo.
Hoje, 05 de maio de 2017, sexta feira.
Às vezes eu sei que me excedo nos comentários que teço pela forma pessoal de enxergar a verdade do meu jeito. Eu duvido de mim mesmo quando pego meu diminuto telefone celular e começo a digitar sem parar nas teclas para redigir um tema digerível pelos leitores.
Sei que são inúmeros os erros de concordância, vírgulas, tempo correto dos verbos e palavras em que faltam letras, mas quero confessar que corrijo muito pouco e me dá preguiça ler e reler os textos na pequena tela digital. Também tenho meus momentos de devaneio em que gosto de encontrar amigos imaginários, em ocasiões fantasiosas e diálogos que nunca existiram.
Tudo isso faz parte do meu mundo de cronista sem pretensão, que busca retratar o cotidiano mesclando a seriedade de alguns fatos com a magia criativa de outros. Cada dia busco criar um palco especial com personagens nem sempre reais. Hoje, por exemplo, nem bem saí do prédio onde moro para me dirigir a pé até o Parque Barigui que fica há três quadras, e encontrei o Vadério, vulgo "Derico" que é um dos flanelinhas que cuida dos carros estacionados no parque.
É meu amigo de longa data e foi ele que puxou conversa:
- Oi, patrão! Vai andar no parque? Fazia tempo que não via o senhor...
- Bom dia Derico, não tenho feito meus exercícios com regularidade...
- É, mas precisa. O senhor está um pouco "cheinho" e tem que cuidar da saúde!
Pombas até o Derico me cobram, logo eu que detesto fazer exercícios físicos. Na Academia do Costantini em que frequento parece que estou sufocado numa senzala, sem contar que me dói da cabeça até a última pontinha do pé quando termino aquela tortura.
Cada vez que faço "estiramento" parece que meu corpo nunca mais volta para o mesmo lugar!
- Vamos mudar de conversa, amigo. Tem visto a Maria Louca?
- Xi, nem lhe conto...
- Conte!
- Ele andou uns dias atrás com a Amante dele passeando e assustando os passarinhos...
- Cuidado, ele é um homem bem casado e não tem amante nenhuma. Não diga bobagem...
- Ah! Quem me falou que a moça era sua amante foi o Zezé, o flanelinha que cuida do estacionamento do outro lado! Ela é a mesma que aparece de vez em quando na televisão...
Não quis prosseguir com a conversa que eu mesmo comecei. Procurei mudar de assunto:
- E a segurança do parque?
- De mal para pior! Até o jacaré já deu no pé e segundo rumores as capivaras já estão de mudança para Santa Catarina! Nem guarda municipal dá mais as caras por aqui, dizem as más línguas que estão com medo...
- Mas, o que está bom afinal?
- Patrão, o Parque está mais sujo que o Tribunal lá de Brasília! É pena, mas é verdade. Têm horários que dá medo ficar por aqui...
Conversa chata. Despedi-me do Derico e resolvi voltar para casa. Para quem não gosta nem de andar, basta uma conversa insonsa e pouco estimulante para servir de bom pretexto para nem iniciar uma indesejável caminhada. Mesmo porque o ar estava friozinho e anunciando chuva...