Até tu, Mantega?
Hoje, 05 de setembro de 2017, terça feira.
Mudaram os tempos ou mudaram os homens? Eis a pergunta que não quer calar! Por ter ingressado no Ofício Público com 14 e me aposentado aos 70 anos de idade é forçoso reconhecer que neste período de minha vida pública convivi, ou ao menos de longe tomei conhecimento, de homens e mulheres que exerceram cargos relevantes no Estado do Paraná.
É verdade que alguns dignificaram os cargos que ocuparam outros nem tanto. O Poder é como uma armadilha que envolve os fracos e revela suas mazelas, lembrando o velho ditado de "quem nunca comeu melado quando come se lambuza". Nesta toada lembro muito bem do primeiro governo de Ney Braga até os dias de hoje, bem como dos Secretários que nomearam para suas assessorias diretas, a fim de poderem ditar as políticas públicas das diversas áreas da Administração.
Eu tive o privilégio de ter sido Secretário de Estado da Justiça, e, portanto, ter constado deste elenco restrito. Registro por importante que minha indicação não foi política e sim técnica, da cota pessoal do Governador Jaime Lerner. Dai por que sei avaliar como é difícil escolher nomes para compor equipe de governo pelas dificuldades de alinhar politicamente o grupo de escolhidos, para que ninguém destoe das diretrizes ditadas pelo principal mandatário: o Governador! E tenho observado na medida em que o tempo está passando que cada vez mais a tarefa de escolher nomes está ficando muito mais complicada, porque está prevalecendo para as escolhas mais o viés político do que técnico.
O Secretariado de uns anos para cá está mais politizado partidariamente e dentre estes se conta nos dedos de uma única mão àqueles que são técnicos e afinados com a área que lhes caberá dirigir. O conhecimento técnico ficou relegado para segundo plano deslustrando um pouco, ao que parece, a Máquina Pública.
Abstraindo outros considerados é possível dimensionar o grau de dificuldades e complexidades para um Presidente da República indicar nomes para sua equipe de Ministros de Estado. Quanta dor de cabeça já que o Presidente eleito só conseguiu este intento fazendo mil e uma coligações com os mais folclóricos partidos políticos e estes exigem a devida contrapartida: cargos no governo! E se não forem aquinhoados tornam-se adversários mortais e chantageadores da pior espécie. Este é o reflexo da costura da politicagem. Uma das poucas áreas técnicas, pois o seu titular precisa de conhecimentos para evitar o caos financeiro, está reservado há área da Fazenda.
Nem o Secretário e nem o Ministro necessitam de muito comprometimento político partidário para suas indicações ao cargo, pois para estes quase sempre suas qualificações profissionais bastam. Porém neste cenário surgiu um fato peculiar pois ninguém imaginaria que a falta de idoneidade moral do Ministro Mantega, cujo currículo profissional é invejável e por estar aparentem descomprometido politicamente, pudesse se prestar como provável aliciador para falcatruas no BNDES.
E nas vésperas de abrir a caixa de segredos daquele banco estatal o nominado ex-ministro antecipou-se para "auxiliar" no que for preciso às investigações criminais, tudo como condição para evitar a sua prisão. Imagine quem tem o dever de cuidar e zelar da área econômica com trânsito livre em todos os setores financeiros do país, abrir portas e negociatas para concessões de créditos fraudulentos? Só o futuro dirá o que está escondido a sete chaves e que o Mantega tanto teme. Ao ser desvendado o mistério é que saberemos se ele foi o Brutus que apunhalou a República ou foi simples pau mandado do Império petista que ruiu!
"Montar equipe de governo é tarefa hercúlea e de muita discórdia. Saciar os Partidos Políticos é algo impensável!"