Autofagia
No Paraná basta alguém se destacar em alguma atividade, ter uma ideia original, merecer elogios ou ser indicado para ser nome de rua, que alguém logo critica, contesta, bate o pé, põe a boca no trombone e procura desmerecer a biografia da pessoa. É por isto que não temos nenhum herói e não sabemos homenagear quem merece ainda em vida. Só um exemplo : temos nosso melhor escritor vivo, nonagenário, um personagem que sempre primou pelo anonimato, mas que poderia ser enaltecido e homenageado com pompas e loas nas Casas de Cultura de Curitiba, pela Prefeitura ou Governo do Estado. Contudo, só será lembrado, com quase certeza, quando for morar nas estrelas. Claro que me refiro ao grande Dalton Trevisan , “O Vampiro de Curitiba”.
Tal não ocorre em outros estados da federação que procuram enaltecer seus filhos, seus personagens como forma de reconhecimento e agradecimento por serem importantes para a comunidade e ao país.
Um exemplo : quando alguém ouve uma música falando da Bahia lembra de quem ?
Claro que de Dorival Caymmi, sempre festejado enquanto vivo, depois nome de rua, busto de bronze na praça e só não foi homenageado no seu centenário, por inveja de meia dúzia de cantores esquerdistas capitaneados por Gil. Mas ele vive no coração dos baianos. E nós? Com a apatia dos frios Jesuítas buscamos ignorar àqueles que mereceriam ser lembrados e aplaudidos.
Imagine-se, quando a pessoa está no exercício de um cargo publico relevante dando sempre o melhor de si, mas, quando tropeça em meia dúzia de palavras logo é torpedeada sem um pingo de consideração. E assim ocorreu com a atual diretora da Fundação de Assistência Social (FAS) da Prefeitura Municipal de Curitiba, que não conheço pessoalmente, mas sei que é Assistente Social há mais de trinta anos com larga experiência profissional,
que coordena a equipe de homens e mulheres que buscam assistir os moradores de ruas e andarilhos que perambulam pela cidade. Estas abordagens nem sempre são aceitas pelos andarilhos e daí é necessário o indispensável apoio da Guarda Municipal, para proteger a integridade física dos agentes públicos. E foi numa reunião (pública) com a referida Corporação que a diretora pediu que os guardas, quando fosse possível, que procurassem intimidar alguns destes excluídos do lugar de ocupação na calçada quando gerar prejuízo ao comerciante mais próximo ou quando este temer pela própria segurança. Uma preocupação válida e uma proposta plausível para atender a comunidade, afinal a calçada é pública, o comércio é legal e a ocupação do espaço para dormir ou permanecer deitado muito próximo da porta do estabelecimento, sabidamente causa transtornos aos eventuais clientes. Foi mais ou menos isto que a diretora pediu para os guardas, um pingo d’água que resultou numa enorme cachoeira.
Os vereadores da canhota pediram a cabeça da diretora para o Prefeito Municipal. E a imprensa, por sua vez, aproveitou para comentar a notícia como se uma bomba atômica tivesse caído na Boca Maldita. Típica autofagia curitibana. Pura hipocrisia. É evidente que todo organismo estatal está engessado na palavra de ordem oriunda das hostes ideológicas, de que todo desocupado de rua é “imexivel”. E ponto final.
Por quê ? Porque eles são “vítimas” da sociedade, excluídos e uns coitados que merecem pena. A propósito quem tem o canal YouTube deve ter assistido reportagens recentes das ruas da Filadélfia, São Francisco, Los Angeles e outras cidades norte-americana para aquilatar o atual problema destas cidades. Vale a pena conferir, para ver a degradação de um país, com “sem tetos” e viciados não mais tomando conta das calçadas, mas, sim, das ruas onde os automóveis são obrigados a desviar de barracas armadas para seus pernoites. E logo, logo a área da Cracolândia paulista será implantada, face a benevolência da política pública, em nossas cidades. Gente, calma ao carregar o andor que o Santo é de barro, pois ninguém vai aguentar por muito tempo que pessoas sem ocupação fixa tenham o direito de “morar” nas calçadas, e que os Contribuintes tenham que assistir tudo com igual parcimônia do Poder Público. Tudo tem limites, não esquecendo que o direito de alguns termina quando começa o direito de outros …
“É hipocrisia achar que o assistencialismo publico e a parcimônia no trato dos desocupados que vivem sob marquises de edifícios, seja a melhor política para alavancar o progresso do país. Sem trabalho ninguém pode viver. Lembrando que tidos são iguais perante a lei.”