Aventura em Curitiba
Como amanhã vou para a praia de Guaratuba minha mulher me lembrou que preciso comprar umas três bermudas, pois as que eu tenho encolheram todas na cintura, isto foi suficiente para iniciar minha incursão pelo túnel do tempo. Peguei a lotação e fui para o centro, desci na Praça Zacarias e caminhei em direção à Rua XV de Novembro onde está localizado todo o comércio da cidade. Fui no Magazine Avenida, passei pelo Frishman’s “O Amigão”, também pela Casa Othoni e acabei nas Lojas Hermes Macedo onde na secção de roupas masculinas comprei o que eu queria. Quando desci da lotação na Praça Zacarias vi que no Cine Luz estava passando um filmaço de pirata “Por Todas As Bandeiras” com Errol Flynn e Mauren Ohara, por isto depois da compra fui na sessão das 14:00 horas. Foi um filme inesquecível. Quando terminou e as luzes se acenderam eu senti remorso por ter ido sozinho e não ter levado minha mulher, por isto, sai do cinema e fui até a Casa do Disco onde comprei para ela um Lp do Nat King Cole denominado “Love is the Thing”. Para esticar um pouco as pernas fui ao Senadinho tomar uma boa xícara de café, sem leite. Lá encontrei alguns jornalistas, políticos e fofoqueiros de plantão, que apenas conhecia de vista e logo em seguida, voltei a caminhar pela rua XV. Quando estava na frente da Livraria Ghignoni lembrei de procurar um novo livro de Direito do Prof. Damásio de Jesus “Código Penal Comentado”, mas estava em falta. Dali fui até a Praça Tiradentes para ver a vitrine da Loja Prosdócimo que ainda estava enfeitada com figuras natalinas, passei de volta pela frente da Basgal Chocolates, Casa Sade, e voltei para a Rua XV. Parei na vitrine da Clark Calçados, onde conversei rapidamente com o gerente o Sr. João Biali e daí fui até a Confeitaria das Famílias, onde comi uma bomba recheada com nata. Olhei no relógio e era 16:45 horas, foi quando encontrei meu amigo Gerson Gebert, médico, também conhecido pelo apelido de Boca Santa, pois ele é o embaixador da Boca Maldita que me convidou para caminharmos até o seu reduto, só que polidamente recusei porque estava na hora de voltar para casa e se fosse até a Boca com certeza eu ficaria conversando por longo tempo. Nos despedimos. Voltei para a Praça Zacarias para pegar a lotação. Antes passei pela Casa Ling, Maison Blanche, Ótica Boa Vista e por uma pequena banca de revista que fica na frente do ponto de embarque. Dei uma olhada nos últimos gibis que foram editados: “Recruta Zero”,
“Zorro”, “Fantasma”, “Nike Holmes”, “Durango Kid”, “Hopalong Cassidy”, Mickey”, “Pato Donald” e outros, além dos jornais “Gazeta do Povo”, “Paraná Esportivo”, “Jornal do Comércio”, “O Estado do Paraná”, “Tribuna do Paraná”, “Jornal do Estado”, “Folha de Londrina”, “Diário do Paraná” e “Diário da Tarde”. Foi quando o lotação chegou. Entrei na fila e logo sentei em uma das poltronas do pequeno veículo. Em trinta minutos eu estava de volta para casa, sentado na minha poltrona de costume, redigindo esta crônica. Tudo sob o som da voz fenomenal de Nat King Cole. A única coisa que fiz errado foi que na Loja Hermes Macedo da rua XV ao invés de comprar bermudas, comprei duas camisas sociais …
“E assim comecei o novo ano, fui para o centro de Curitiba, uma aventura que há muitos anos não fazia. Não mudou muito. Não nas minhas recordações é claro; quando não tinha sem tetos, pois todos tinham vergonha e sabiam lutar pelo pão de cada dia. Pena que o cenário é bem outro. E pelo jeito vai piorar.”