Batalha Naval.
Foi só o prefeito de Guaratuba declarar estado de calamidade pública com objetivo de destruir a frota de ferryboat que está saqueando a economia e enchendo o saco do povo sofrido do litoral, que amanheci com meus velhos apetrechos do CPOR atocaiado nas margens da baía para apoiar nosso honrado alcaide.
E não foi só eu não, tinham milhares de outros apoiadores por todos os lados só aguardando a ordem de atacar os inimigos. Meu primo Faustino lá pelas tantas perguntou:
- Primo, e se a esquadra naval do governador aparecer para apoiar os piratas das balsas, o que vamos fazer ?
- E por quê ele faria isto ?
- Ora, porque o a insubordinação do Justus Júnior implodiu com o marasmo governamental e afrontou a autoridade do diretor do DER …
- Faustino do céu, eu não tinha pensado nesta hipótese! Seremos chacinados porque não poderemos lutar contra o poder de quem tem a força ao seu lado.
- Mas o Ratinho não é de nada, primo ! - sussurrou no meu ouvido esquerdo o meu outro primo Tucides.
- ?
- Ora, ele no governo só sabe mesmo viajar para o exterior, tirar fotos com o Presidente e na hora agá vai dar o palanque eleitoral para o Moro e seus três tenores.
- Então poderemos pedir o apoio do governo federal, não é mesmo ? - sugeriu o primo Faustino.
- Claro, juntos teremos amplas possibilidades de vencer a batalha por mar e depois por terra até “tomar” o Palácio Iguaçú !! - bradou Tucides.
E a conversa em tom muito alto foi ouvido pelos demais insurgentes que começaram a dar gritos de alegria.
Na cabeça de todos a guerra que ainda não começara na prática já estava ganha. Foi quando o meu terceiro primo - o César- bem mais velho e vivido do que nós três fez sua ponderação :
- Tá, tá, vamos supor que o governo federal faça aliança com o nosso líder o alcaide, que sejamos vitoriosos e que venhamos tomar o Palácio Iguaçú , que o Ratinho tenha que fugir para a Disneylândia …
- Sim ? - indaguei curioso.
- Quem assumirá o governo do Paraná ?
Fez-se um silêncio sepulcral.
- Quem ? - perguntou o primo Tucides.
- Aquele que mais quer o governo e que já declarou que vai concorrer contra o Ratinho e quem mais quiser postular tão cobiçado cargo…
Quem ?!?! - perguntaram os liderados do alcaide em uma só voz.
- O Requião ! - sentenciou o primo César.
Em menos de trinta segundos não ficou no local nenhum apoiador do prefeito. Todos se retiraram cabisbaixo e se recolheram dentro de suas casas esperando que o Justus Júnior tivesse dó dos paranaenses e revogasse o decreto de calamidade pública.
Pois entre todas as calamidades nenhuma outra se compararia com a eleição do Requião. Mas o primo César com sua experiência propôs:
- Vamos insuflar o povo de guaratuba contra o Justus Júnior, piquete na porta da prefeitura e gritar palavras de ordem até que ele assine um tratado de paz com o líder dos balseiros e com o competentíssimo diretor do DER, para o bem de todos e a felicidade geral do nosso Paraná!
E assim foi feito. E o ferryboat vai continuar nessa mesma zorra ? Calma, muita calma, pois acho que tenho uma solução. Tenho tantos primos nesta crônica que não será difícil pedir para o mais petista deles que vista traje de homem rã, depois nade por baixo d’água e coloque em cada balsa uma singela bomba sem maiores compromissos. Depois só esperar a construção da ponte…
“Guerra naval na baía de Guaratuba seria uma catástrofe. Não pelos prejuízos materiais e muito menos pelas perdas de vidas humanas. Mas pela eventual sucessão no cargo de governador do estado. Vamos construir a ponte, gente !!!”
Édson Vidal Pinto