Briga de Galos
Quando o turista visita o Coliseu um dos monumentos em ruína do antigo império romano com certeza se transporta mentalmente para uma época de conquistas, ostentações e violências quando o poderio de um povo subjugava e escravizava o outro sem dó e nem piedade.
E não há quem não lembre daquela arena onde os cristãos eram entregues às feras e os gladiadores lutavam pela própria vida. Pelo menos é assim que maioria imagina quando está naquele palco de tantas glórias que excitava e divertia nobres e plebeus.
Quem conhece um pouco da História do Mundo sabe que desde os primórdios da humanidade os homens sempre foram predadores natos, cultivaram a violência como forma de dominação e jamais se apiedaram dos vencidos.
Deve-se ao instinto de preservação e poder. E a disputa corporal entre indivíduos quer nos conflitos políticos ou como demonstração de força sempre foi constante nos diversos estágios das civilizações. Quando regras foram estabelecidas para conter exageros as contendas entre humanos foram aos poucos sendo arrefecidas.
O boxe , considerado o “esporte nobre”, passou a ser menos violento e outras artes marciais passaram a ser mais demonstração de técnica do que espetáculo sangrento. Daí o esporte da luta perdeu a graça. E então os animais passaram a ser os heróis preferidos pelos “desportistas” com as charmosas touradas, briga de galos, a farra do boi e outros eventos de igual natureza.
Com a modernidade os animais passaram a ser protegidos tal como como os cães e os gatos que são considerados parte da família humana. Como consequência os animais deixaram as arenas sob a proteção do Estado. Mas a violência não pode terminar como espetáculo e entretenimento -, afinal é uma forma certa de renda para os seus patrocinadores.
E surgiu o MMA uma luta entre gladiadores pois não tem regra e prevalece a violência na sua forma mais vil. E não falta publico. O contendores saem do embate com hematomas e sangrando para delírio de homens e mulheres que assistem um espetáculo de barbárie. Demonstração inequívoca de que os seres humanos cultivam o instinto da morbidez.
E o pior : lutas televisionadas sem qualquer restrição de idade. Ora num mundo que respira violência o espetáculo referido poderia ser dispensável porque só desperta maus exemplos e rivalidades. Esporte sem regras é carnificina e show de horrores.
Cenário de um mundo onde os animais irracionais são mais protegidos e valorizados; e os humanos desassistidos e entregues à própria sorte…
“Ninguém se importa com o semelhante porque falta solidariedade e amor. Os humanos estão embrutecidos e extravasam suas frustrações assistindo espetáculos de horrores. A violência e o sangue são ingredientes de uma terapia insana.”
Édson Vidal Pinto