Buraco de agulha
Dentre as áreas mais importantes da administração pública do estado que necessitam permanente injeção das chamadas políticas públicas, com destaques para a educação e saúde pública, a mais sensível dentre elas é a da segurança pública. Não que as duas referidas não estejam no mesmo patamar de importância, longe disso.
Eu me refiro à segurança pública como ponto sensível para a vida das pessoas no contexto da sociedade. O agito moderno, o aumento demográfico, a perda do poder aquisitivo, país dividido ideologicamente, falta de empregos e de bons salários, são causas que contribuem diretamente para a violência e a criminalidade. E estas atingem indistintamente todas as pessoas. Daí, porque, ser dirigente público desse setor exige grande dose de equilíbrio, bom senso, conhecimento profissional e planejamento. E por ser indispensável contar com profissionais bem treinados e logística cara, o dirigente tem que ter ao seu dispor recursos suficientes para executar as ações necessárias de prevenção e combate ao crime.
No Paraná ninguém nunca viu e por isto não conhece o Secretário da Segurança Pública, segundo dizem é um militar e que pelo jeito não tem muita afinidade com a tarefa que pesa em suas costas. Pois o clima de intranquilidade e de insegurança tomou conta do estado, da qual a capital não é exceção. Seja no centro ou nos bairros os bandidos estão em todos os lugares; e as polícias civil e militar apesar do esforço individual de seus componentes estão impotentes e desmotivadas.
Com o debochado aumento salarial concedido é difícil para qualquer agente da lei arriscar a vida e no infortúnio deixar a míngua a própria família. É possível escrever sem errar que a segurança pública é como cobertor de recém-nascido dado para um adulto se cobrir: se ele puxar até o pescoço descobre as pernas e vice-versa.
Exemplo? Operação Praia que desloca policiais e viaturas para o litoral e deixa desprotegida a segurança das demais cidades do estado. Esse é o tabuleiro de xadrez quando um único jogador dispõe de apenas cinco peças para combater o exército inimigo. E a nível nacional o tal Ministério da Segurança também não justifica a importância dada ao setor -, como escrevi em ocasiões pretéritas a segurança pública, então apenas como uma Secretaria do Ministério da Justiça tinha muito mais atuação por ser estrategicamente encarregada de ditar e planejar ações conjuntas entre as Secretarias estaduais. Por quê? Porque é impossível a União querer executar tarefas de segurança pública em um país de extensão continental. Lembrando que a Polícia Federal tem atribuições de polícia judiciária, portanto, encarregada apenas de investigar e apurar crimes da jurisdição federal. Nada mais. E a chamada “Força Nacional” nada mais é do que policiais militares estaduais convocados pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para atuar nas “emergências” públicas: rebeliões em presídios; invasões de terras; e deflagrações de movimentos sociais com timbres de violência.
Outro exemplo clássico está ocorrendo aqui, nas nossas barbas. Face à alta criminalidade no município de São José dos Pinhais o nominado Ministério enviou “sua” tropa para o local. E daí? E as outras cidades e regiões? Como ficam? Quando serão atendidas? E os bandidos que dominaram o Rio de Janeiro? Fortaleza? Belém? E assim por diante?
Não, não será por esta pífia vertente, que apenas se presta como propaganda governamental, que o banditismo vai arrefecer no país. Está tudo errado. O governador do Paraná e o Presidente da República tem que abrir os olhos, pois não adianta querer passar apenas um pequeno pedaço de fio no buraco de uma única agulha, para remendar toda a lona do circo...
“Segurança Pública é área complexa, que não permite ingerência política e nem o amadorismo de seus dirigentes. Ela tem que ser transparente e cirúrgica para combater o crime organizado e previnir que delinquentes oportunistas possam intimidar o povo. E o Estado tem que combater com dureza toda a sorte de crime.”
Edson Vidal Pinto
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