Cachola de Gatos
Bom mesmo era o tempo em que os cidadãos tinham orgulho de dizer para seus familiares e amigos: “Nunca pisei numa delegacia de polícia porquê nunca fui processado!” E falavam de boca cheia, com satisfação, porque suas biografias eram patrimônios que eles deixavam aos seus descendentes. O apelido de família era um troféu que a pessoa ostentava e ai que alguém ousasse insinuar alguma nota destoante porque a briga era certa -, ninguém aceitava a difamação do nome do pai, da mãe ou de qualquer outro membro da família.
E cada um tinha o pudor de zelar pelo nome para não implicar em dissabores e comprometer o conceito de seu núcleo familiar. Vivi um tempo em que cargo de vereador era honorifico e o morador da cidade tinha orgulho de representar seu bairro na Câmara Municipal. Período em que ter o nome num título de crédito protestado por inadimplência era pior do que levar um tiro no peito, tal o cuidado com que as pessoas tinham em evitar escândalos. E as vezes o protesto lavrado nem sempre era por culpa do devedor, mas era vergonhoso assim mesmo. Um tempo em que palavra dada valia o próprio fio de bigode.
Na modernidade ocorreu a inversão deste pudor, pois hoje ao invés de um nome limpo e honrado vale ser sócio do melhor clube da cidade, viajar inúmeras vezes para o exterior, dirigir carrões, morar em mansões de luxo, adquirir motocicletas de marca e ostentar o título de deputado ou de senador da república. Claro que não são apenas estes que ostentam o pejo de “fichas sujas” porque na sociedade muitos outros têm igual culpa no cartório. E como os semelhantes se atraem. Já atentaram para os membros titulares e suplentes da “CPI da Ivermectina?” Viram suas fichas policiais e o número de processos criminais que eles respondem perante o STF? Gente é simplesmente de ficar estarrecido -, são homens maculados pelo crime.
E o pior de tudo: nenhum com condenação e muito menos com uma única sentença na iminência de transitar em julgado. Na CPI foram escolhidos a dedo e indicados os piores dos piores senadores do parlamento brasileiro -, todos veteranos e profissionais da mais sórdida política. Houvesse um STF sério e descomprometido por certo todos eles estariam cumprindo pena em presídios de segurança máxima.
E sabe o que eles vão fazer na CPI? Um circo de horrores e barganhas para tirarem mais vantagens e privilégios do que já têm. Basta saber os pensamentos que habitam nas suas cacholas e conhecer um pouco os hábitos dos gatos de rua para saber do que são capazes de aprontar para constranger o Presidente da República.
Será um prato cheio para a imprensa que enaltecerá suas atuações porque seus passados não interessam, mas, sim, o futuro para destruir a Nação.
Este é o nível em que estão situados uma grande maioria de homens públicos e detentores de poder, que não se importam nem com a honra e muito menos com o apelido de família pois lhes interessam mesmo o dinheiro na conta bancária, venha de onde vier...
“Senadores da CPI com rabo preso no STF que determinou a instauração da referida Comissão Parlamentar para responsabilizar quem indicou o uso da Ivermectina. Quem é capaz de acertar o final do imbróglio? Cartas marcadas e dados viciados. Alguém quer apostar?”
Edson Vidal Pinto
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