Café no Bule
Interessante a imagem dos três principais personagens políticos do Brasil, dando entrevista no "Fantástico". Num cenário patético de uma mesa simplória, todos de terno e sem gravata (era domingo!) com o Temer no centro e sentado em cada lado o Renan e o Maia. Todos com cara de mingau. Cara de mingau ? Sim, aparência sonsa como se estivessem dizendo nas expressões de seus rostos : somos três injustiçados, pois não vamos "anistiar o caixa dois"! Não vão? Então porque tanto açodamentos em aprovar a matéria que tramita no Congresso Nacional? Suas aparições na tela da TV pareciam três vestais, comprometidos com a moralidade pública e com o futuro do país.
O Renan é um velho conhecido da República, matreiro que sabe se acomodar em qualquer ninho , com ar típico de coronel nordestino é um camaleão de mil caras. É indiciado em vários inquéritos que não tem solução de continuidade, graças ao famigerado foro privilegiado. Mais recentemente surgiu o Maia, aparência juvenil mas com bagagem de veterano, cheio de manobras e artifícios cavoucados nas catacumbas de Brasília. No centro da mesa o maneiroso, educado e bem articulado Michael Temer. Nascido e criado no seio do PMDB. Não precisa de maiores explicações para justificar suas atitudes, pois tal como seu partido sempre soube tirar vantagens de tudo!
Para poder governar cercou-se de políticos envolvidos com atos de corrupção, todos beneficiários do Caixa 2 e que estão ligados umbilicalmente com sórdidos empreiteiros que enriqueceram aproveitando-se da farra política. A sua assunção ao cargo de presidente da República foi a esperança de dias mais promissores ao pais, depois de quase dez anos de desgoverno e desvario ideológico. Como dito, assessorou-se com pessoas não recomendáveis e desde então perde seu tempo explicando episódios protagonizado pelos maus comportamentos de seus ministros. Todos os ingênuos sabem que o Ministério da Cultura é uma das torneiras pródigas de dinheiro que serve para sustentar a deslumbrada classe artística que adora charuto cubano, descurando-se na hora de indicar o melhor nome para ocupar aquele Ministério. Deu no que deu.
Na trama urdida por aqueles que perderam as polpudas benesses do poder. Claro que Caixa 2 é crime, é ato perverso de quem se locupleta ilicitamente de dinheiro sem declarar sua origem. A ministra Carmen Lúcia com a lucidez que lhe é peculiar, discorreu sobre o tema com proficiência em uma das sessões do Supremo Tribunal Federal. E o Temer como jurista que o é sabe muito bem disto. Mas está agora numa
"sinuca de bico", pois os implicados no crime querem a anistia para poder continuar compartilhando do bom e do melhor, e do outro lado o povo brasileiro, mais vigilante do que nunca, exige a responsabilização criminal dos políticos/autores.
Chegou o momento da sociedade brasileira saber se o presidente é ou não é um homem honrado e digno. Dependerá exclusivamente dele banir ou não os corruptos que infestam a política nacional, se optar em vetar qualquer iniciativa favorável aos desonestos com certeza abrirá novos tempos para o país, restaurando a esperança de futuro promissor para nossos filhos e netos, com harmonia e decência para todos. Mas olhando os dois políticos que estavam ao seu lado, sobressai a grande incógnita que se traduz numa única frase: "será que ele tem café suficiente para por no bule"? Ou será que o bule é furado!