Caixa de Marimbondo.
Já dizia a avó do meu amigo Zé do Carmo: “Filho quando você enxergar uma casa de marimbondos fique bem longe e nem por sonho vá cutucar com vara curta!”
Velha e sábia filosofia do folclore de ditos das gerações passadas. E é pura verdade.
Depois do atentado sofrido pelo candidato Bolsonaro, ninguém de sã consciência ousou emitir pronunciamento que pudesse colocar mais fogo na fogueira. Nem para disseminar a teoria da conspiração e nem para fomentar a hipótese de um ato isolado, de autoria de um insano.
Tudo permanece calmo e misterioso como um filme de Allan Poe. São muitos os “fakes”, piadas e críticas enrustidas, mas sem nenhum atrevimento de querer se imiscuir na verdade do acontecido.
Contudo meu espírito irrequieto e indomável não me permite ignorar crime tão ignóbil. Primando pela imparcialidade das investigações primeiro pedi ao Rosinha, respeitável político da terra, inteligente e habilidoso, que procedesse as investigações devidas. Embora filiado ao PT seja um sujeito confiável por ser possivelmente o futuro governador do Paraná.
Pois ele aceitou minha incumbência e menos de doze horas depois, apresentou o seu relatório final. Foi uma encenação. A faca era de brinquedo, com lâmina retrátil. O sangue que apareceu no vídeo era suco de tomate.
O “autor” é Oficial da Reserva do Exército e faz panfletagem do candidato Bolsonaro nas esquinas de São Paulo. E concluiu que a intenção foi alavancar a candidatura de quem está em último lugar nas intenções de votos.
Agradeci o empenho e louvei a imparcialidade. E com igual postura “democrática” procurei o delegado Francischini, competente “tira” federal e experiente investigador profissional. Embora político e futuro ministro da Segurança Pública do candidato vitimado, depositei nele toda a confiança para cumprir tão árdua tarefa.
Quinze minutos depois de nossa conversa, ele me apresentou a conclusão final de sua criteriosa investigação. Foi complô, sim. O mentor do atentado foi um condenado que cumpre pena no interior de uma sala da Superintendência da PF de Curitiba. O plano teve o aval do Francisco e do Foro de São Paulo. A Benedita se ofereceu para executar a ação criminosa, mas foi demovida com muito custo por um cavalariano, comedor de mamonas.
Foi então convocado um militante, da categoria dos professores, para executar o plano. A copeira e um bedel de escola quiseram dar cobertura. E concluiu que o atentado foi um plano sórdido da esquerda bolivariana. Agradeci o empenho, a lucidez e a imparcialidade do ilustre candidato a deputado estadual.
E agora? Só daí me deu conta que fiquei num beco sem saída. Felizmente me lembrei do conselho da avó do Zé do Carmo. Peguei os dois relatórios das investigações em minhas mãos acenderam a lareira e joguei ambos no fogo. Só quando foram reduzidos às cinzas é que sosseguei. Tenho muito medo de marimbondos. E quem não tem, nesta hora, não é mesmo?
“Como explicar o atentado ao candidato Bolsonaro? Teoria da conspiração ou ato isolado de um doente mental? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Boca fechada não entra maribondo!”
Edson Vidal Pinto