Calorrrrrr!
Ontem não foi brincadeira não, em Guaratuba chegou a 32 graus e nem sei quanto de temperatura térmica, mas dava para derreter fora do ar condicionado. A tarde pouca gente na rua com medo de evaporar e se transformar em pingo de chuva; preferi ficar na varanda de casa sentindo o bafinho quente do pouco vento queimar meu rosto. Estou lendo “Terceiro Reich Em Guerra” de Richard J. Evans, 3a. Edição, Editora Planeta do Brasil Ltda, que conta em detalhes as invasões das “Bestas em formas humanas”,- as atrocidades dos soldados alemães nos países invadidos, a corrupção dos militares, a opressão e o castigo aos inimigos vencidos. Uma verdadeira crítica contra o Hitler e sua tropa de lunáticos em querer formar uma raça ariana que pudesse dominar o mundo.
-Só que o livro é interminável pois tem mais de mil páginas! - bradou o Tucides.
-É verdade… - respondi.
-E por quê um livro tão grande? - quis saber meu amigo.
Como o calor estava insuportável e eu sem vontade de conversar, respondi com certa ironia:
-Tucides, minha professora de português me recomendou que eu aprimorasse minha cultura, lendo grandes livros…
-E dai?
-Ora, comecei lendo um livro de mil páginas!!!
Notei que o Tucides não gostou nem um pouco da minha resposta, mas sou daqueles que pode até perder o amigo
mas jamais perder uma piada (inteligente)! Mas meu amigo não se importou e continuou conversando:
-Que tal? Em pleno carnaval e tem uma turma que só quer falar em “golpe”? Querem por quê querem prender o Bolsonaro, você não acha?
-Concordo com você; é tudo o que o Luiz Ignácio mais deseja…
-Ontem foi o Deltan, daqui a pouco o Moro e na sequência vai o Capitão no rolo compressor, digo, na canetada do Xandão.
-Só que se mexerem com o “homem” o povo vai chiar…
-Mas sem armas, não passará de gritos estéreis!!
-Depende, pois se o agro e os caminhoneiros resolverem parar e afrontar o governo, poderá dar muito samba…
-Só que o Carnaval acabou ontem, hoje a música que toca é o sertanejo universitário e a modinha caipira.- riu com certo ar de deboche o Tucides como vingança de minha ironia. E como chumbo trocado não dói, meu amigão se afastou a pretexto de procurar uma sombra. Voltei a ficar sozinho com meus botões. De repente lembrei que é quarta-feira de Cinzas, dia de jejuar, falar baixinho, não ouvir música nem assistir TV, e ficar voltado à reflexão. Achei até graça depois que escrevi esta última frase, pois dita tradição católica se esboroou, ninguém respeita a data. Aliás nem o Francisco tem voz para recuperar esta tradição de respeito aos mortos. O mundo está virando da cabeça para baixo. Mas voltando ao calor: retornei para o ar condicionado e continuo com calor. Minha mulher trouxe uma novidade, ela leu no WhatsApp que daqui uma hora deverá chover. Putz, nunca pensei que estando na praia eu rogaria aos céus um pouco de chuva, só posso atribuir a minha velhice. Pois praia sem sol é como esquiar sem neve. Mas, enfim, que chegue a chuva para aplacar o calor pois tenho até vontade de pegar um guarda-chuva e ensaiar uma dança, tal qual fez o Geny Kelly no musical “Dançando na chuva”, não com igual talento, mas apenas para me molhar e agradecer por estar vivo…
“No calor até o que se escreve tem contornos de delírio, pois um assunto esbarra no outro, até chegar no final do texto. E o carnaval ficou para trás, menos na Bahia é claro, onde é interminável. E a chuva, chegou!”