Chato de Galocha
Pois é, pense numa pessoa chata socialmente que se intromete em tudo e quer ouvir apenas aquilo que interessa e não se importa nenhum pouco com a tranquilidade alheia. Pensou? Com certeza lembrou de muitos nomes não é mesmo alguns da própria família e outros menos chegados. Eu tinha um tio, de saudosa memória, que era insuportavelmente irônico e que ninguém sabia se o que ele falava era o que a gente pensava ou não. Exemplo?
- Foi bem de prova? Foi? Olha que eu acredito ...
Eu gostava dele apesar de ser um chato quando queria. Li há muitos anos atrás o livro “Tratado Geral dos Chatos” uma obra primorosa de Guilherme Figueiredo onde ele classifica vários tipos de pessoas inconvenientes e inoportunas que vale a pena ler, por ser uma leitura engraçada e ao mesmo tempo verdadeira. Só não lembro se ele definiu o que é um “chato de galocha” mas sei que é uma expressão idiomática da língua portuguesa que surgiu nos anos cinquenta do século passado, quando foram fabricadas as primeiras galochas de borracha para proteger o sapato de ficar molhados na chuva.
E como alguns indivíduos entravam na casa alheia sem tirarem as galochas molhadas e sujas de barro logo foram apelidadas de “chatos de galocha”. Pelo menos é que reza a lenda. E a referência foi incorporada ao cotidiano:
- Não, não vou pescar com vocês porquê vai o Antônio Carlos que é um chato de galocha!
É claro que hoje em dia os “chatos” deste tipo pululam por toda a parte para perturbar nossa paciência:
- Será que a postagem que você fez na mídia eletrônica não é fake News? Vou conferir ...
Está a frase é mais comum no período de pandemia para caracterizar um verdadeiro “chato de galocha”. Claro que se fosse para elencar o comportamento dessa gente com certeza daria para escrever uma obra prima com mais de dez volumes. Nós mesmos em algumas ocasiões nos tornamos uns “chatos de galocha” quando estamos com fome, sono ou entediados quando ouvimos conversa de atleticanos. Dito isto vamos ao que interessa.
Sabe o que o Marco Aurélio aquele mesmo do STF disse na Imprensa quando soube que o general Pazuello por ter participado de uma manifestação política não foi punido pelo Alto Comando do Exército? Disse textualmente:
- É um absurdo!
E ele precisava dizer isto para se intrometer em decisão alheia? O que um juiz tem de comentar sobre fato que extrapola os limites da jurisdição? Ah, é apenas uma opinião que está assegurada constitucionalmente? Claro que não, como magistrado ele deveria apenas se manifestar nos processos e não fora deles para não expor a Toga ao ridículo. Nas vésperas de completar 75 anos o velho Marco Aurélio já poderia ter aprendido em não se intrometer na vida dos outros e nem dar palpite onde não deve.
Ele e a sua “tchurma” de Tribunal são as encarnações dos verdadeiros “chatos de galocha”. São metidos, acham que sabem de tudo, são desrespeitosos, zangados, mandões e querem ser os censores das Instituições e dos jurisdicionados. Ora bolas: se o assunto estava restrito apenas há área militar estes resolveram e pronto. Ninguém tem de meter a colher, nem com rosário e muito com Cruz. Aliás este Cruz esqueceu que de pijama sua voz não encontra eco. Outro Chato de Galocha. Enfim, para passar o tempo no período de pandemia vale brincar de chato de galocha, dando nome aos bois. Eu vou começar: Renan; Agora é sua vez de jogar...
“Tem indivíduo que não tem desconfiometro e se torna inconveniente em qualquer situação: são os “chatos de galocha”. E no país o elenco é grande por isto não chegamos nunca no final do túnel”.
Edson Vidal Pinto
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