Chegou a Prima Vera do Tucides
Enfim chegou a pessoa que o Tucides mais aguardava: a sua prima Vera. A expectativa era tanta porque ela mora muito longe do hemisfério sul, e segundo ele sua prima é uma pessoa de rara cultura, poliglota e autora de livros. Seu único e pequeno defeito é que ela é gaúcha e amiga íntima da Dilma. É por isto que ela reside longe, pois foi nomeada chefe de gabinete do banco Brics que está sob a presidência da guerrilheira. Ah, um esclarecimento: o seu defeito não é ser gaúcha mas petista ferrenha. Por ela o Bolsonaro, toda a sua equipe e simpatizantes deveriam ter morrido no paredão. Bem se vê que é uma pessoa equilibrada e de muito bom senso. Ela veio de carona no avião do Luiz Ignácio quando este e sua troupe de aproveitadores do dinheiro publico retornavam de Nova York, pois viajar por horas a fio fazendo escalas de Xangai à Curitiba não há bumbum que aguente. É claro que estou indo agora na casa do Tucides para conhecer sua amada prima. Fui com o meu Fiat, 147, amarelo Fanta, um carro que dá inveja para quem tem um Jaguar do ano. Quando cheguei o Tucides me apresentou a Vera, uma septuagenária, magra como a Marina, com o antigo nariz da Gleisi e cabelo mais crespo do que dá Benedita. Um verdadeiro espanto de mulher.
- Você conhece o deputado do PT, aquele que foi preso quando invadiu a Igreja da Ordem mas foi perdoado pelo atual arcebispo?
- Sei quem é, mas não conheço.- respondi.
- Eu preciso cumprimentá-lo pelo projeto de lei que ele apresentou na Assembléia Legislativa…
- Qual ? - perguntei curioso.
- O quê dá gratuidade aos presos e condenados no regime aberto para poderem andar de ônibus urbano, inclusive estadual!
Juro que tive vontade de dizer um palavrão, mas me contive.
- Esse rapaz vai longe. Daqui alguns anos será Senador pelo Paraná.- vaticinou a militante petista.
Mas não pude me conter e alfinetei:
- E o governo do Luiz Ignácio ?
- Está no caminho certo, comendo primeiro pelas beiradas, mas logo, logo, vai abocanhar o bem bom…
Tive medo de perguntar o que seria o “bem bom” e resolvi permanecer na ignorância. Ela então se dirigiu ao Tucides:
- Primo, sabe o nome da “nossa” querida ministra que num discurso em Brasília falou que o açúcar que comemos é todo ele produzido pelas abelhas ?
O Tucides ficou corado de vergonha e respondeu balançando negativamente a cabeça.
- Pena, pois eu também quero conhecê-la e cumprimentá-la pela sua invulgar inteligência!
Putz, coitado do Tucides pensei comigo mesmo, fez tanto cartaz da prima Vera e agora está de saia justa, bem apertadinha.
- E por onde anda o camarada Requião? - ela perguntou de supetão.
- No sarcófago! - respondi sem pensar duas vezes.
- No ostracismo! - disse o Tucides.
- Credo, coitado do grande e amado líder!! Ele não é diretor da Itaipu, ministro da Justiça ou embaixador em Paris ?
Eu me segurei para rir e o Tucides também, pois era só o que faltava para coroar o atual governo federal.
- Nada, nadinha, ele está em casa, de pijama, com duas aposentadorias e andando de cavalinho no carrossel dos seus sonhos. Ele cuida apenas para o filhote não cair do galho …
E como a conversa não estava me interessando pedi desculpas para o tucides e sua prima Vera, para me retirar. Dentro do meu maravilhoso, extraordinário e estupendo Fiat 147, de cor amarelo Fanta, resolvi dar umas voltinhas sem compromisso e apenas para espairecer minhas ideias, antes de voltar para casa. A conversa me deixou abilolado. Esta prima Vera já chegou aprontando, tomara que ela logo se aprume e que tenhamos ótimos dias pra frente…
“Nunca reclame de ninguém se você ainda não conheceu a prima Vera. Ela chegou hoje e já está mostrando porquê chegou: trouxe fogo na bagagem, muita água e besteirol como marca registrada. Lídima militante esquerdista.”
Édson Vidal Pinto