Ciro, O Macho Brasileiro!
Ontem, 27 de março, segunda feira.
O Brasil apesar de estar atolado no lamaçal da corrupção por obra dos políticos profissionais parece que também serve de cenário de ficção de história em quadrinhos. O falastrão Ciro Gomes no alto de sua bizarrice anuncia abertamente pela Imprensa que não tem medo do Juiz Sérgio Moro, desafiando-o para brigar!
A bazófia e insensatez de um indivíduo que foi governador do Ceará, Ministro de Estado, Congressista e que se autointitula candidato à Presidente da República ao pronunciar tamanha asneira de duas uma: ou está fora de si ou perdeu o senso do ridículo! Não existe outra explicação. Parece que ele vive os tempos do Jerónimo, o Herói do Sertão, namorado da Aninha e que tinha uma coragem invulgar ao enfrentar os perigosos cangaceiros que atormentavam a vida dos pobres nordestinos.
Só que o esse Ciro não é protagonista de um mundo irreal de histórias reproduzidas em gibi, ele existe e se anuncia como cabra macho daqueles que habita o imaginário e se locupleta pela fanfarronice teatral. Sim, pois é insano pensar que Juiz Togado no exercício de sua função jurisdicional possa ficar à mercê de ameaças e se prestar a aceitar um duelo descabido. Parece um caldeirão de cretinice!
Embora eu me lembre de um duelo envolvendo um Promotor de Justiça da Comarca de Rolândia, com o réu de um processo. Denunciado por ter agredido sua companheira ele foi interrogado pelo Juiz no fórum, ato que contou com a presença do Promotor. Este uma figura ímpar, extrovertido, imprevidente e brigão. Indignado porque o acusado agredira fisicamente a mulher produzindo nestas lesões graves, decidiu assistir o interrogatório.
O interrogado era um negro musculoso e forte que impunha respeito pelo seu porte avantajado. Intimidado por estar no fórum e na presença do Juiz optou por um comportamento aparentemente dócil e respondia às perguntas com muita cautela, com certeza instruída pelo advogado de defesa.
Estava solto apesar da violência empregada contra a vítima, pois tinha emprego, residência fixa e não tinha antecedentes criminais. O Promotor começou provocar o réu dando risada e demonstrando desdém a cada resposta que este dava.
Lá pelas tantas, já não suportando as ironias e trejeitos do agente Ministerial, o réu pediu respeitosa licença ao MM.
Juiz é disse ao provocador:
- O Senhor está me debochando porque é Promotor e está dentro do fórum - e antes do Juiz o interromper, ele prosseguiu - Se o Senhor estivesse lá fora eu lhe daria uma surra!
Num rompante o Promotor retrucou:
- Surraria coisa nenhuma, eu desmontaria você!
- Eu lhe espero amanhã à tarde na praça, em frente ao fórum, e se o Senhor for homem nós resolvemos a nossa diferença...
- Eu aceito! - respondeu o Promotor - se você for homem apareça no lugar que você indicou porque eu estarei lá!
Dai o Juiz serenou os ânimos exaltados e o interrogatório foi concluído sem outro incidente porque o Promotor deixou o recinto. Este bate boca chegou aos ouvidos da população da cidade. O Promotor nem deu as mínimas pensando que tudo não passara de meras trocas de palavras.
Dormiu muito bem. Na tarde do dia seguinte o Promotor estava no seu gabinete no fórum quando o Oficial de Justiça, meio sem graça, abriu a porta e disse:
- Doutor, o réu de ontem está na praça lhe aguardando...
- Que réu você está louco? - Só dai caiu a ficha e ele lembrou o negão que parecia um armário - Ah! Ele quer duelar? Pois vai ter duelo!
Os funcionários do fórum tentaram demover o Promotor de ir ao encontro do oponente. O Escrivão do Crime sugeriu chamar a Polícia para prender aquele brutamonte. Mas o agente da Lei como um arrojado mocinho de cinema gritou, esperneou e proibiu que lhe impedissem de enfrentar o homenzarrão, saiu em disparada do fórum e foi de dedo em riste em direção ao seu desafeto.
Todos os que presenciaram a cena temeram pelo pior, mas o Promotor com atitude e dedo em riste na cara do oponente, fez com que este abaixasse a cabeça e ficasse na sua frente como um cordeirinho. A partir daquele episódio a população tinha medo e respeito profundo pelo seu Promotor de Justiça.
Ela era o herói da cidade. Tempos depois ele contou aos colegas mais chegados que o fato tinha acontecido, mas que tudo não passara de ilusão de ótica. As pessoas que estavam na praça não chegaram a ouvir uma única palavra, apenas viram o Promotor dar "de dedos"no estivador.
Ele então contava que ao mesmo instante que estava de dedo em riste dizia baixinho para o negão:
- Por favor, me perdoe, eu errei e peço desculpas! Não brigue comigo, por favor! Eu te peço pelo amor de Deus!
E dando gostosa risada, arrematava:
- O estivador amoleceu, aceitou as desculpas e foi embora!
Guardadas as devidas proporções no caso do Ciro o final da história de tanto arroto de bravura pode ser a mesma, ele na frente do Juiz vai sentir um frio na espinha, o suor escorrer pelas costas e a perna tremer porque a Toga assusta qualquer um. Até jararaca morre de medo e necessita da muleta de baderneiros profissionais para poder ficar de pé na frente do Dr. Moro, para não cair!