Clamor Público
Fico assustado quando analiso o comportamento das pessoas, comparando o ontem com o hoje, no que tange a crescente criminalidade e insegurança da sociedade como um todo. Em 1.985 quando era Secretário de Estado da Segurança Pública o Procurador de Justiça dr. Antônio Lopes de Noronha que me honrou com o convite para ser seu substituto legal e assim assumi o cargo de Diretor Geral da referida pasta, agora posso avaliar com propriedade o termômetro de indignação e preocupação acerca da atual gestão da área e a absoluta ausência de reclamações populares.
Com o passar dos anos o índice de criminalidade cresceu e o poder de fogo do estado diminuiu por diversas causas, a principal delas é o índice de pobreza em razão de inexistir um efetivo controle de natalidade que está corroendo a disponibilidade orçamentária do poder publico e por não permitir a inclusão e proteção desta população ao abrigo das chamadas políticas públicas; e o outro o aumento e a globalização do tráfico de drogas que gera riqueza incalculável e possibilita compor grupamentos de perigosos marginais bem armados e imunes à lei.
A impunidade é a causa que mais fomenta o banditismo em qualquer país. Com o criminoso solto nas ruas em tempo integral ocorreram as banalizações da vida e do patrimônio alheio. Ninguém mais estranha ver um corpo inerte no asfalto e nem o incêndio consumir dezenas de casas. Por quê? Porque são episódios que passaram a fazer parte do cotidiano daí a frieza na reação.
E isto dá bem para notar quanto as repercussões dos crimes cometidos ontem com os dias atuais -, nos anos oitenta do século passado um assalto numa residência ou em um banco comercial; um homicídio doloso com requinte de crueldade; um ato sexual atentatório contra menor ou uma agressão do homem contra mulher fazia estremecer o próprio governo estadual e a Secretaria de Segurança era cobrada pela população e pelo governador para esclarecer as autorias e dar imediata satisfação à população.
A sociedade se indignava com o crime. E hoje ? Ninguém sabe nem o nome do atual Secretário de Segurança Pública, nem do Delegado-geral da policia civil e muito menos do Comandante da Polícia Militar. Até a imprensa policial minguou pois os programas de rádio que davam audiência vinte e seis horas por dia e os comunicadores que colocavam fogo na notícia como o Artur de Souza, Algacir Túlio, Alborguetti e dezenas de outros saíram de cena e nos atuais programas policiais pela TV os seus apresentadores são bem mais comedidos em críticas com receio de serem processados.
Sinal dos novos tempos.
É por isto que o governador ignora os problemas que afligem a área de segurança pública porque não sofre cobrança alguma da população pela falta de planejamento estratégico, suporte logístico e de pessoal para combater o crime, desconsiderando o trabalho dos policiais e ignorando a necessidade de recompor seus salários pelos relevantes serviços que prestam à sociedade.
Hoje nenhum repórter cobra do governador porque a autoria de um crime não foi esclarecida e muito menos do secretário, tornando cômodas as suas permanências nos cargos que ocupam. E pelos sinais que a modernidade e licenciosidade dão aos olhos de quem vive o presente ou as autoridades reagem no combate ao crime ou estado se deixará abater pelas forças do mal.
E a população incrédula deixa ao acaso que um dias a situação melhore e reverta esse perigo atual. O clamor publico se esvaiu na medida em que as preocupações pela própria sobrevivência tomou o lugar de destaque. E a mesmice que engessa a voz do publico torna imune às autoridades de avaliar seus próprios erros …
“É fácil ocupar cargo publico quando ninguém reclama a falta de ação, construção e recomposição do salário dos servidores públicos.
Ficar longe do clamor popular não permite ao gestor publico avaliar seu desempenho. E deixar de ouvir a voz do povo não é nada bom para nenhuma autoridade pública.”
Édson Vidal Pinto