Cobra Cega.
Tem gente que é mordida pela mosca azul e depois não sabe se definir para onde quer ir, quase sempre neófito e achando que pode tudo acaba no final sendo ignorado. As vezes deixar de calçar a sandália da humildade pode ocasionar dissabores desnecessários. Claro que estou me referindo ao advogado Sérgio Moro um jovem brilhante e com um futuro pela frente que deixou a Toga por um impulso de momento para entrar numa aventura quando aceitou ser Ministro da Justiça, um cargo comissionado temporário e um universo completamente diferente de vida onde quem não tem vivência no ramo dá com os burros n’agua.
Uma coisa é atuar como Juiz num ambiente respeitoso e repleto de mesuras onde poucos se atrevem desobedecer ou criticar; outra coisa é dividir atenções num espaço palaciano e saber conviver politicamente com opiniões contrárias e estar subordinado a quem detém legitimamente o poder. A súbita mudança do ambiente forense para viver entre a heterogeneidade de indivíduos que compõe uma equipe de governo é uma diferença entre a água e o vinho.
Só a maturidade e experiência é capaz de dar o ingrediente necessário para a pessoa se amoldar ao novo estilo e ter a prudência e bom senso para se sair bem. Foi o que faltou para o dr. Sérgio e quando se viu pressionado saiu do cargo dando tiros para todos os lados. Gravou conversas palacianas improprias para um cidadão de bem. Porém com cabedal jurídico reconhecido sobreviveu à intempérie da incerteza. Mas não resistiu a falta de holofotes e aceitou fazer política no primeiro convite que achou conveniente com a promessa de ser o próximo Presidente da República.
Uma armadilha preparada por três Senadores da República sem a mínima condição de servirem de apoio político a nível nacional, deixando o convidado ao desamparo para ser engolido pela imprensa marota e adversários escolados na hora de destruir reputações. Sem fôlego e sentindo o abandono do eleitorado desprezou o “apoio” inicial e se debandou com mala e cuia para outro partido político.
E o pior : transferiu seu título eleitoral para São Paulo dando às costas para o eleitorado de seu próprio estado. E agora ? O que lhe aguardará o futuro dentro do tumultuado e arduamente disputado espaço político ? Será que a novo partido vai abrir a oportunidade para poder concorrer (com mais apoio) ao cargo máximo da república ou oportunizar a chance de disputar um cargo de Senador pelo estado de São Paulo, ou ainda, no pior das hipóteses para o de deputado estadual? Só o tempo dirá pois no momento está no limbo.
Uma coisa é certa pois perdeu pontos com o eleitorado paranaense e se distanciou por vontade própria de ser candidato a Senador pelo Paraná ou deputado estadual com vitórias aparentemente mais viáveis. Tivesse ouvido bons conselhos poderia ser eleito confortavelmente deputado estadual, presidir à Assembleia Legislativa e concorrer a vaga de governador quando terminar o mandato do Ratinho. E daí, sim, pensar em objetivos maiores. Mas tudo no devido tempo sem açodamento e com os pés no chão. É aquele velho ditado : “quem tudo quer, tudo perde”.
Enfim, parece que o dr. Sérgio não gosta de ouvir bons conselhos e por isso vai ter que amargar pelo seu noviciado na política aprendendo com seus próprios erros (sem necessidade), pois o melhor exemplo é bíblico quando ensina que “há hora para tudo, semear, plantar” para depois colher …
“Na política o indivíduo deve sempre estar atento a melhor oportunidade para concorrer uma eleição. Não basta querer e sim articular bem os apoios.
Dar um passo maior do que as pernas não é bom em lugar nenhum e pior no âmbito da política.”
Édson Vidal Pinto