Comércio que Destoa
E pensar que na arte do comércio tudo começou com a forma rudimentar chamada “escambo” ou troca, quando os homens primitivos necessitavam fazer uso da permuta de produtos alimentícios e depois de mercadorias variadas, a fim de proverem suas necessidades básicas.
E como tudo evoluiu o comércio tomou importância ímpar num mundo que se tornou tipicamente de consumo. Ontem as grandes viagens por mares desconhecidos não tiveram motivação maior do que descobrir novas terras para fortalecer o comércio entre regiões, povos e fomentar o progresso das cidades. Tudo o mais foi secundário pois o intuito inicial era conquistar para enriquecer e não povoar as novas áreas pelas dificuldades de manter o seu domínio.
A preservação do uso foi uma etapa subsequente para evitar que outras nações ou reinos pudessem usufruir e tirar igual proveito dos que nela chegaram por primeiro. Daí os conflitos surgidos por interesses comerciais e econômicos. Cada historiador com certeza tem seus próprios argumentos para descrever os fatos e eu mesmo não tendo o conhecimento de um douto no assunto, ouso tecer esta modéstia opinião para retratar o porquê da época dos grandes descobrimentos. Tudo como introdução para o tema desta crônica.
E agora só de pensar que estamos no início de um século alcunhado de XXI; - e em plena efervescência de um comércio que une nações e povos pela necessidade de entrelaçamento econômico e de compartilhar bens indispensáveis à vida e ao progresso.
Seja por terra, mar ou ar as mercadorias são transportadas de um lado para o outro do planeta fazendo o dinheiro circular de bolso em bolso num frenesi ímpar. Tudo, ou quase tudo, refletindo de um modo geral numa melhor qualidade de vida para os consumidores.
Mas infelizmente nem tudo é um mar de rosas porque a ganância dos barões que detém com mãos firmes certos nichos do comércio extrapolam o bom senso quando visam obter lucros criminosos às custas do povo. Escrevo sobre a máfia dos comerciantes de medicamentos que espoliam os consumidores ao “ofertarem” remédios a preço de ouro e em flagrante prejuízo à saúde da população.
Enquanto no país os políticos querem CPIs para ficarem em evidência e os consumidores ficam mais indignados com os preços dos combustíveis, os grupos de donos de redes de farmácias correm ao largo e sem qualquer oposição para venderem seus produtos. O piso salarial de um farmacêutico formado é uma afronta aos profissionais da área, no entanto, para os empresários proprietários dos centros distribuidores de medicamentos e donos de farmácias o “pro labore” é de cifras milionárias.
Os laboratórios que quase diariamente “inventam” mil tipos de drogas com muitos produtos sem a devida constatação de eficácia, dominam economicamente o mercado do mundo, seduzindo a própria classe médica com viagens e “congressos” para manter um tipo de comércio perverso por explorar a necessidade que as pessoas humana tem de procurar viver e zelar pela própria saúde.
Grandes redes de farmácias luxuosamente decoradas e com criativos nomes fantasia disputam nas cidades, quase num mesmo espaço, a preferência dos usuários que são atraídos por ofertas duvidosas e marketing muito bem elaborado. O custo dos remédios devora grande parte o salário dos trabalhadores.
E até quando? Por quê não instalar uma CPI séria sem rodeios políticos e averiguar a fundo esse segmento do comércio a para colocar a nu uma verdade ainda não sabida? A Invemectina um remédio que para muitos infectologistas não serve para previnir e nem minorar os efeitos do vírus da COVID, mas que não tem contraindicação e nem efeitos nocivos, cuja caixa era vendida no início do ano passado por R$ 14,00 reais agora está sendo vendida por R$ 47,00 reais como exemplo de uma exploração lucrativa danosa. E o mesmo ocorre com os preços dos demais remédios.
E quem necessitar de remédios de uso permanente sabe muito bem avaliar a angústia que passam seus usuários. Valores que os médicos não levam em consideração e nem se esforçam em minorar as dificuldades de seus pacientes. Eis aí um poço profundo de podridão que necessita ser explorado e devidamente fechado, para não continuar poluindo o comércio sério e honesto…
“Eis aí uma ótima sugestão para uma CPI sem contornos político e nem ideológico - a do preço e eficácia dos medicamentos vendidos para os brasileiros - com aferição de seus custos e valor da venda. Pois é um comércio necessário, porém, está sem freio, sem controle e fiscalização.”