Credo, Que vergonha
Sem dúvida nenhuma o nível de raciocínio e maneira de pensar de certos postulantes à cargos eletivos no Paraná ultrapassou o fundo do poço. Quanta estultice com confetes de mediocridade foram expostos na vitrine do denominado debate político, que o Canal televisivo da Band elaborou na última segunda feira para torturar os paranaenses, protagonizado por indivíduos sem o mínimo preparo e bom senso.
E todos eles - uma carrada deles - aspirando alcançar o cargo de governador do estado. A maioria sectários de partidos políticos nanicos e sem representatividade nos parlamentos, todos seguidores camicases de uma mesma linha ideológica que contou, pasmem, com a participação de Roberto Requião outrora um líder que esqueceu a hora de sair com um pingo de dignidade da vida pública.
Um zangão dentro de uma colmeia de mel. Dentre eles alguns professores que se prestaram apenas para provar aos telespectadores que o ensino do país está falido, restando como salvação emergencial restaurar o Mobral como solução paliativa aos alunos do ensino fundamental. No entanto foi um grupo de pessoas homogêneas porque defenderam as mesmas ideias obtusas de um socialismo teórico e sem nenhuma eficácia, um levantando a bola da mesmice para o outro chutar e vice versa.
É claro que restou chumbo grosso para o governador Ratinho que ardilosamente não compareceu no programa, não tanto pelo baixo nível dos debatedores, mas porque sabe que será reeleito no primeiro turno sem precisar se expor ao ridículo. E não dá para censurá-lo pela omissão por ser o debate pela baixa qualificação dos participantes uma fórmula ultrapassada por não se prestar para nada.
Todo o eleitor há muito tempo já sabe em quem vai votar e não será nenhum programa de televisão que irá fazê-lo mudar de ideia. Mesmo porquê, se fosse um debate sério de ideias e planos estratégicos de governo que justificasse audiência considerável, tudo bem, mas não é o caso. A encenação toda fica na ofensa e provocação pessoal dos figurantes do pleito com aquele candidato que for considerado virtualmente eleito, numa ladainha de besteirol para boi dormir. É como chover no molhado.
Os pingos que caem não mudam o cenário do solo encharcado. Teve um candidato, isto só para destacar a péssima qualidade do programa, que defendeu a extinção da Policia Militar para em seu lugar instituir milícia popular que possa se identificar melhor com as pessoas da periferia e combater a criminalidade sem usar da violência.
Precisa dizer mais? Ah, o ex-governador Requião? Com a mesma leitura da obsoleta Carta de Puebla e enaltecendo o futuro presidente Luiz Ignácio que voltará ao poder para colocar um fim na bagunça que está o país. Cruz credo, Virgem Maria !! E com certeza idêntico modelo de programa em outros estados da federação não será diferente -, um horário, no entanto, reservado somente àqueles que foram obrigados a ler o único livro escrito por Euclides da Cunha “Os Sertões”, que de tão difícil narrativa até hoje não sabem explicar o que leram.
Fico só imaginando por curiosidade um debate em São Paulo entre o Haddad e o Tarcisio, um oco e o outro transbordando inteligência e iniciativas. Será como uma luta que nunca existiu entre o Tyson e o Maguila. Ao meu ver o único debate palatável para quem assistir, só para ver o nocaute do petista. Mas para o eleitorado paulista de cabeça feita o efeito eleitoreiro será nenhum. E para a presidência? Dentre os postulantes, nesta altura dos acontecimentos, só o Luiz Ignácio deve estar com as calças borradas com medo de comparecer e ser espremido entre as cordas do ringue pelos demais contendores -, pois todos estes que estão engatinhando nas pesquisas sabem que só terão chance se puderem alijar um dos dois concorrentes que estão efetivamente na disputa, portanto, sobrará com certeza ao Luiz Ignácio ser o judas da vez.
Pois com a biografia pública que tem será bem mais cômodo colocá-lo em xeque-mate do que o Bolsonaro. Se o Ciro quiser figurar no segundo turno ele sabe que terá de bater muito forte no “presidente eleito” para ficar no seu lugar, e daí tentar chegar ao pódio. E não será fácil. A Tebes também terá de fazer o mesmo, porém, com menor chance pelo seu pífio desempenho até o momento. Apesar de ser uma boa novidade no pleito ela bem sabe que embarcou numa canoa furada.
Enfim todos teremos de suportar o período de campanha que está em pleno vigor, haja, estômago e que não falte Engov …
“Está aberta oficialmente à caça aos votos. Senhores candidatos de cargos majoritários não abusem da paciência dos eleitores, não compareçam nos debates. O povo prefere assistir novela. E debate é bem pior que novela porque só tem vilões e não tem mocinho.”
Édson Vidal Pinto