Curitiba Teu Nome É Cultura.
O curitibano tem muito que se orgulhar de sua cidade, não apenas pela beleza e qualidade de vida de seus habitantes, muito menos pelo fato de termos a primeira Universidade do Brasil, mas porque em todos os lugares e momentos nós sempre nos deparamos com eventos criativos que nos envolve na magia da cultura.
Um exemplo? Ontem num espaço ao ar livre do Museu “Alfred Andersen” do qual é diretor meu filho Luiz Gustavo, no cair da fria tarde típica de nossa primavera, com a presença de dezenas de pessoas foi realizado um espetáculo inesquecível reunindo Ribério Santos e Danilo Caymmi.
O primeiro, pesquisador da história do cangaço, nascido em Itabaiana - Sergipe, jornalista, cineasta e fotógrafo é autor de vários livros que conta a vida dos homens de Virgulino Ferreira, “O Lampiao” e também de Corisco e seu bando. E o segundo, o Danilo, dispensa maiores apresentações por ser um renomado compositor, músico, cantor e filho do inesquecível Dorival Caymmi.
E ambos proporcionaram momento de prosa e música, contando fatos pitorescos da vida de Antônio Grigorio dos Santos, o terrível “Volta Seca”, do bando de Lampião. Homem malvado, brabo e tinhoso, mas tinha o dom da sensibilidade quando compunha letras e músicas de suas criações.
E algumas bem conhecidas, como “Mulher Rendeira” que foi trilha sonora do filme nacional “O Cangaceiro”, com Alberto Ruchell e Vanja Orico, e “Acorda Maria Bonita”, dentre outras. E quando estas e outras músicas eram mencionadas o Danilo cantava, no solo original.
Num dos trechos pitorescos da palestra, Robério contou sobre o temperamento de Volta Seco, quando então ele tinha treze anos idade e sua madrasta resolveu lhe corrigir, dando-lhe umas “chineladas”. Ele apanhou e aproveitando quando a mulher foi dormir na rede, pegou uma pedra e com a mesma desferiu um golpe na cabeça da madrasta. Daí fugiu e foi ao encontro de Lampião.
Volta Seca não foi morto pelos “macacos” (era a denominação dos policiais militares), pois após o extermínio do bando de Lampião, ele que na ocasião estava em outro lugar foi se homiziar na fazenda de um alcoviteiro (dono de terra que escondia cangaceiros), mas que o entregou para a polícia.
Condenado a vinte anos de prisão, cumpriu a pena, depois virou motorista de caminhão e quando morreu foi enterrado no cemitério da cidade mineira de Estrela D’Alva. Foi uma tertúlia lítero-musical de duas personalidades ímpares.
E no final da reunião tive o prazer de ser apresentado ao escritor Eduardo Fenianos, o “Urbenauta”, que estava entre o público presente. Ele me presenteou sua recente obra “Viagem ao Brasil do Futuro Um Livro Rídiculo Para Um País Genial Ou Vice-Versa...”, Editora UniverCIDADE, 2.019.
Nele Fenianos aborda uma viagem panorâmica pelo Brasil Continente, mostrando com toda a sua perspicácia de viajante a realidade que o brasileiro se nega a enxergar.
Enfim, foi uma reunião que tem a cara e a alma de Curitiba que o Jaime Lerner nos ensinou a amar...
“É gratificante conviver com literatos e músicos porque eles nos transportam para uma outra realidade. Um mundo sem barreiras e sem preconceitos onde a linguagem é universal e os sons divinos. São seres ungidos que ensinam às pessoas humanas a felicidade de viver”.
Edson Vidal Pinto