Dentro da piscina
Olho o relógio e ele está marcando 16:20 horas, sol a pino, temperatura de 32 graus no balneário de Guaratuba, estou escrevendo esta crônica dentro da piscina, apenas com os braços fora d’água para poder digitar meu pequeno celular. Estou pensando no quê escrever para amanhã, talvez sobre a tranquilidade de estar com a água até quase o pescoço para fugir do calor, ou, quem sabe, sobre as ponderações feitas pelo Prof. Ives Gandra acerca do imbróglio causado pelas últimas provocações do Xandão.
-Ora, não seja chato, estamos em pleno carnaval, esqueça o palco da crise política brasileira e escreva coisas amenas, que combine com o Carnaval…
É claro que eu sabia que o Tucides tinha se aproximado sem eu ver, para dar suas oportunas opiniões.
-Ué, você por aqui ?
Ele me olhou meio desconfiado e respondeu:
-E por quê não? Também sou filho de Deus!!
Tentei consertar minha grosseria:
-Claro, sei disso Tucides; falei por falar…
-Tá, escreva então algum texto menos contundente e mais digerível, pois estamos no Carnaval, período para alegria e menos preocupações.
Fiquei pensando uns minutos e continuei escrevendo. Fui na prainha do lado das Caieiras e tinha uma placa do Governo do Estado que dizia: “Começamos os trabalhos de construção da ponte Caiobá/Guaratuba”. Olhei, olhei e não vi nada. Parei o carro, desci, olhei de um lado e do outro e juro que não vi nenhum indício de obra. De duas uma: ou a placa antecedeu o início da ponte; ou a ponte ainda não saiu do papel. Pode ser que tenham sido colocados alguns tijolos e sacos de cimento para começar a construção e incontinente o Ministério Publico ou o irmão do Requião (Conselheiro do TC) tenham embargado a obra. Desta turma tudo pode se esperar, pois parece que o governo desta vez quer mesmo ver a ponte terminada. Ou estou delirando por estar envolto num mormaço que quase chega a derreter o cérebro humano. Neste momento vou deixar o celular na borda da piscina para dar um rápido mergulho. Putz, a água está sensacional. Ah, sobre o carnaval da praia, no sábado à noite. Na frente de casa a família ficou na varanda, vendo o movimento de carros e de pedestres, uns caminhando para a avenida para pular atrás do trio elétrico e outros, no mesmo horário, indo em direção contrária como se já estivessem fartos de ver toda a folia. Não dá para entender o gênero humano na Roda Gigante da vida. Pois, bem. Deu para ver muitas famílias, com os filhos menores fantasiados, se dirigirem em direção ao agito; também tinham muitos rapazes vestidos de mulheres e mulheres com roupas mais comportadas como se fossem vestais se dirigindo para um retiro espiritual. Só que a festa é pagã. Outra coisa que me chamou a atenção foi o transporte de bebidas alcoólicas, levadas dentro de caixas de isopor, para serem consumidos ao som da música sem nexo tocada nos alto-falantes do trio elétrico. Se consumirem tudo que levaram é forçoso reconhecer que o Brasil está formando uma futura geração de. Alcoólatras. Nada de puritanismo não, mas de simples constatação. Pelo que deu para ouvir a festa entrou pela noite a dentro. Tinha gente que confundiu carnaval com festa junina, pois de quando em quando, pipocavam foguetes no ar. Com pum e tudo. Como não fui até a avenida não sei se muitos corruptos desfilaram, pois não conferi se eles preferem ficar mais na areia e dentro da água do mar, do que passar calor, no meio do povão sacudindo o esqueleto atrás do trio elétrico. Corrupto que é corrupto mesmo, só gosta de estar no meio do povo, na hora da eleição para pedir voto. Uma pausa : para outro mergulho. Engraçado, nem estou sentindo calor, acho que vou continuar na água até a hora do jantar. Afinal, ninguém é de ferro para aguentar o calor de uma fornalha. Ops, parece que já deu o inúmero de linhas para concluir este meu escrito. Isto sim é fazer com um gomo de limão uma limonada. Paro por aqui, pois agora vou relaxar um pouco, sem pensar mais do que o suficiente, enquanto deixo meu corpo boiar na piscina…
“Não é esnobismo falar em piscina porque hoje em dia só não tem uma, quem não quiser. Tem de plástico e até de fibra, tudo é uma questão de opção. Não conto na qual estou com a água até o pescoço, porque não sou soberbo
e nem quero aparecer na Revista Forbes.”