Desabafo!
Não deve ser nada fácil aguentar nas costas um país destroçado e receber bordoadas diariamente da imprensa. Sem falar dos adversários políticos cegos pelo ódio e ávidos por revanche. Apenas para ilustrar vale referir o pronunciamento da semana passada do dep. federal Marcelo Freixo (Psol - RJ), nos quarenta anos do PT: “ (...) ele sempre foi o esgoto do sistema (...)”, “(...) precisamos de algo mais que resistir (...)”. Sem dúvida estar no epicentro da política é participar de um jogo sujo em que o mandatário tem que ter estômago de avestruz para digerir as maldades do dia a dia.
Claro que aqueles que ocuparam o mesmo cargo e nunca se importaram com nada, á não ser roubar e usufruir o poder aliciando a parasitaria imprensa e satisfazendo os corruptos, por estarem satisfeitos com tudo não tinham o porquê desopilar o fígado em público.
Eram cordatos, alegres, conversadores e não se opunham às ofensas pessoais e familiares. Mas para quem tem um patrimônio moral e uma história de vida a zelar, não é nada fácil se defender dos ataques levianos e mentirosos de quem tem um jornal nas mãos ou outro veículo de comunicação para destruir reputações. Anos atrás fui mencionado pelo jornalista Celso Nascimento em sua coluna na extinta “Gazeta do Povo”, como praticante do nepotismo por manter minha nora como assessora de meu gabinete na desembargadoria do Tribunal de Justiça, mesmo com o CNJ ter reconhecido que a presença da mesma não caracterizava referida situação.
A nomeação foi muito anterior ao seu noivado com meu filho primogênito quando então inexistia vínculo de parentesco. Fiquei agastado com o episódio, pois ao longo de minha carreira pública de quase sessenta anos de serviços prestados ao Estado do Paraná em que exerci inúmeros cargos relevantes, nunca me prevaleci em nenhum deles para nomear um só parente. Na sórdida campanha encetada pelo nominado jornalista eu amarguei o pior momento de minha vida, porém jamais perdi minha serenidade.
A sua fonte de informação mesmo conhecendo a inexistência de nepotismo não o motivou a escrever uma única linha para desmentir tal insinuação na sua malfadada coluna e nem mesmo para esclarecer a opinião pública. Talvez não lhe interessasse porque o desmentido da notícia não despertaria mais nenhum interesse jornalístico.
Entre propor uma ação de indenização ou ficar distante de outras notícias como desdobramento da demanda, por zelo a Toga que vestia, preferi manter minha postura de homem livre e de bons costumes e me resignei. Até porque minha vida pública sempre foi um livro aberto e nunca tive nada a esconder de ninguém e nem me envergonhar dos atos e decisões que proferi.
Pois é, só que não é o caso do atual Presidente da República. Alvo diário de injúrias, calúnias e difamações ele usa do microfone e dos espaços públicos para desabafar, pois ninguém tem que ter sangue de barata. Formado em Academia Militar com múltiplos aprendizados de disciplina, hierarquia, ordem, patriotismo não tem temperamento estanque enrustido na serenidade e passividade ante as ofensas mentirosas.
Esta a têmpera do Bolsonaro -, aparentemente tosco e agressivo, porém honesto, disciplinador e decidido. Daí seus pronunciamentos bombásticos quando se sente acuado ou ofendido. E não vai mudar. Aliás, não precisa mudar, pois para conviver num ambiente de tantas hostilidades e ameaças o mandatário bem intencionado não pode ser omisso sob pena de ser mais um frouxo no comando da Nação.
E agir com atitudes imediatas quando a ocasião exige e usar palavras duras são os meios para impedir males piores. E com a imprensa contra e muitos políticos também, se ele não reagir será mais um Presidente da república das bananas. E com absoluta certeza “desabafar” também faz bem à sua saúde, pois evitará o perigo do enfarto. Eu sei muito bem disso, pois no fato jornalístico em que fui envolvido, quase fui vitimado por um...
“Cada cabeça uma sentença. A ofensa dirigida diariamente contra alguém é como um pingo d’água que cai de uma goteira sem parar, ecoando no ouvido de uma pessoa. O som vai irritando aos poucos até que o incomodado perde a estribeira. E cada um reage de acordo com a própria formação e dose de tolerância!”
Edson Vidal Pinto
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