Desvio sem volta
Não sei explicar o porquê as vezes eu penso no Xandão, na vida que ele deve estar levando e como manter a aparência de homem destemido e honrado, cônscio de estar cumprindo com fidelidade suas responsabilidades profissionais. Fico imaginando (talvez por também ser Magistrado) a sua vida familiar, sempre cercado de seguranças pela polícia do governo (PF) em todos os lugares públicos que possa frequentar, sujeito a ofensas e até agressões. Vale lembrar o episódio ocorrido no aeroporto de Roma que se transformou num escândalo internacional. E pensar que ele não está nesta situação como há anos atrás esteve o Juiz Falconí na Itália, quando por dever de ofício teve que enfrentar a Máfia com seus poderosos tentáculos de maldade. E no final acabou sendo assassinado, apesar da segurança do Estado. Mas o “caso” do Xandão é diferente, pois ele está atolado até o pescoço por questões políticas ao perseguir adversários do (ainda) Presidente Luiz Ignácio, este sabidamente um ídolo de barro e envolto em corrupção cuja biografia notoriamente conhecida não lhe permite sequer aparecer em publico. Quando precisa sentir a presença do povo viaja para a África num país de algum ditador qualquer, para ser ovacionado e festejado. E pensar que foi o Temer, sempre pomposo e tido como um político correto, de bons modos e vivido, que nomeou o Xandão para o STF. Acho que até ele deve estar amargando o erro dessa escolha pois seu ungido tem atitudes opostas às suas, pois queira ou não queira o Temer é um homem educado e centrado. O que não é o Xandão. A sua soberba foi revelada e ele não é nem um pouco humilde e capaz de reconhecer seus erros. Sim, porque não existe ser humano infalível, muito menos um Magistrado. Na atividade pública o indivíduo deve ser comedido nas suas ações e inteligente nas suas decisões para não bater cabeça, saber avaliar os prós e os contras em tudo que tem de fazer e dosar o suficiente suas aparições em publico para não se tornar figurinha carimbada. Tudo que o Xandão não soube fazer. Pois assumiu o papel de cínico, dono do Brasil, das Leis e com aparente destemor ao usar do cargo para instaurar, determinar e impor prisões, investigações e buscas em residências a pretexto de estar querendo exterminar com seus próprios inimigos. E até onde ele vai? O único freio que tem um ocupante de cargo no STF fica constitucionalmente reservado ao Senado Federal, que para estes casos é omisso por tradição e medo. Logo, sob a capa da legalidade, nada, absolutamente nada é capaz de fazer parar o Xandão nos seus propósitos de paladino da Justiça. A propósito, lembrei do motorista que dirigindo por um estrada asfaltada, porém monótona, resolveu entrar num desvio que segundo lhe disseram encurtaria o trajeto em alguns quilômetros, mas a estradinha era de macadame e muito pó. Mesmo assim quis arriscar e prosseguiu; depois de meia hora, arrependido pela escolha, achou melhor não voltar por achar que fim estava próximo. E mais meia hora depois continuava percorrendo aquele maldito desvio, daí, sim, sem nenhuma chance de voltar para trás. Não sei não, mas acho que o motorista do veículo deve ser o Xandão, pois só lhe resta prosseguir na empreitada que começou , sem chances de retroceder na segura e bem sinalizada estrada asfaltada que deixara para trás…
“O Xandão deve ter uma saúde de ferro, pois aguentar os senões que está enfrentando, não é para qualquer mortal. E voltar atrás, parece, impossível. E vai prosseguir seus intentos até quando? E o MP federal assistindo tudo como mero coadjuvante, sem olhos, sem voz e atrás da moita.”