Direito de Informação
Ah, como era bom quando os assinantes do jornal “Gazeta do Povo” recebiam em casa um calhamaço de informações em sua edição dominical, com notícias sociais da Juril e do Dino, o comentário político do Mazza, a crônica do Vanderley Dias, as notícias do esporte do Machado Neto, as caricaturas do Paixão, as notas oportunas da “Entrelinhas”, notícias políticas variadas, palavras cruzadas, caderno imobiliário, ofertas de veículos, cartas dos leitores e a leitura ansiosamente aguardada do necrológico do dia. Com o falecimento do dr. Francisco o conceituado jornal curitibano implodiu, ficando um triste arremedo veiculado na mídia eletrônica.
E com exceção do jornal “O Estado do Paraná” do dr. Paulo Pimentel e sob a responsabilidade do saudoso diretor de redação Mussa Jose de Assis, que tinha também boa circulação diária na capital e no interior, os demais que circularam em Curitiba foram aos poucos também sofrendo a concorrência da televisão e da mídia eletrônica que conseguiram tornar a arte noticiosa escrita em peça obsoleta face a velocidade que o fato chega ao conhecimento do público em todo mundo. Imprimir a noite notícia pelo papel amanhece requentada e sem utilidade. Nossos jornais sucumbiram porque os bons jornalistas ou faleceram ou se aposentaram.
E o único veículo que ainda permanece sendo editado através de papel impresso é a “Folha de Londrina” que foi criada pelo Martinez e que presentemente resiste com esforço hercúleo o soberano direito de informar, mesmo que a notícia chegue ao leitor com o referido atrazo. No Paraná apesar da “Folha de Londrina” perdeu-se, assim, a via do jornal, por ser esta a mais útil como propagadora de informação, cultura e conhecimento. Os linotipos, as rotativas a laser, os redatores, os revisores de textos, os diretores e chefes de redação, os jornalistas e fotógrafos de jornais passaram a ser peças de museus porque, infelizmente, a arte escrita de informar perdeu a razão de existir. Este é o diagnóstico exclusivo do Paraná.
Em outros grandes centros a mídia escrita ainda existe porém maculada com grande comprometimento ideológico -, seus jornalistas ao invés de comentarem o fato mudam-no de acordo com seus interesses. Um único exemplo: ontem Brasília foi abraçada por uma legião de caminhoneiros do agronegócio, manifestação pró-governo e contra o STF e duvido que o “Estadão” e “Folha de São Paulo”, os dois principais formadores de opinião deste país tenham noticiado com igual ênfase quando criticam o Presidente da República. Então a pergunta que não quer calar: onde está o direito informação que essas empresas jornalísticas têm de noticiar ao grande público? Plantar notícia e comentar na forma que interessa é uma deslavada traição há verdade.
Estão as escancaras que a Imprensa brasileira perdeu sua imparcialidade de noticiar e comentar as notícias -, com exceção de alguns poucos a grande classe jornalística vendeu a alma para quem pagar mais. A manipulação política dos acontecimentos é um perigo para a democracia porque cria uma legião de seguidores da mentira, tal qual o fake news no âmbito da mídia eletrônica, por ser um desserviço à verdade. Tenho para mim que toda a notícia hoje em dia dita por um jornalista
merece primeiro passar por um detetor de mentiras e depois ser ensaboada e esfregada num tanque de lavar roupas, pelos menos umas cem vezes, para ver se não sai respingos de tinta vermelha...
“Direito de livre opinião e crítica não permite divergência num país democrático. Porém quando a Imprensa distorce os fatos para atender interesse ideológico ou político-partidário, ela é a principal causa para um país não dar certo. Pois a mentira inocula a discórdia e divide o povo.”
Edson Vidal Pinto
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