Do Outro Lado do Mundo.
A crise moral brasileira é tão grande que basta entrar num avião e sair do país que o viajante é tomado de súbito alívio por estar deixando para trás as suas preocupações com a segurança da família e o infortúnio da corrupção.
E quanto mais longe for o destino da viagem melhor, pouco importando o desconforto e o confinamento do voo, além é claro das longas horas de monotonia e tensão. Parece que vale tudo para tirar férias do país.
E se a viagem for para o outro lado do mundo, melhor ainda. Pois ao desembarcar da aeronave na China, Japão ou Rússia o viajante tem a sensação de estar chegando no satélite natural da terra, repetindo mentalmente o mesmo caminhar que fez um dia o Armstrong, no solo lunar. Os olhos brilham pela sensação de estar num cenário de cultura milenar, entre uma multidão de pessoas desconhecidas, perante prédios históricos, praças e comércio intenso. As novidades de cada dia absorvem as preocupações, pois em cada esquina uma nova descoberta, entretenimento e comida diferente.
E a maior felicidade está no fato de que o Brasil ficou lá trás, do outro lado do planeta. Porque foi bem longe que o viajante deixou o que de pior existe, a criminalidade, o desemprego, os políticos de lesa pátria e a incerteza de um futuro melhor.
O que vale é desfrutar os momentos em um país diferente e progressista. Será? Será mesmo que estes países são tão diferentes? Não foi na China que o Governo institui a pena de morte para os políticos e dirigentes corruptos? E as notícias do Japão dando conta que políticos corruptos quando descobertos optam por praticar o suicídio, pela vergonha que causaram às suas famílias? Sem falar na Rússia despótica, invasora e dirigida com mão de ferro pelo seu Presidente?
Não, não, que ninguém se iluda, pois lá de trás do mundo também tem corrupção, crimes e incertezas. E sabe por quê? Porque o gênero humano está em todos os lugares, depredando, destruindo, matando e corrompendo.
É necessário, pois moldar o homem do presente para um futuro melhor. E a chave mágica deve começar na família e terminar nas escolas. Sim, nas escolas de verdade, com professores capacitados e bem remunerados, que estejam comprometidos apenas com a divina arte de instruir, educar e edificar o que de melhor seja incutido na formação dos alunos. Primando pela ética, dever e cidadania.
Em outras palavras: forjando cultura e senso de responsabilidade coletiva. Sem o qual o Brasil continuará amargando a pior das desventuras, sem rumo, nem esperança por melhores dias, onde a felicidade do seu povo ordeiro e trabalhador parece estar apenas lá, do outro lado do mundo...
“ É na escola que está a forja da cultura que molda o dirigente do amanhã. Ser professor é exercer um apostolado digno dos maiores reconhecimentos.
País sem um Magistério qualificado e bem remunerado, não tem futuro promissor; porque não forma bons e honrados cidadãos!”
Edson Vidal Pinto