Durvalina, a Espiã Que Veio do Frio!
Hoje, 21 de julho de 2.017, sexta feira.
Nós vivemos em um país da piada pronta! Desde que frequentamos as salas de cinemas aprendemos nos filmes de espionagem o glamour dos agentes secretos, vivendo perigosas aventuras e mexendo com o imaginário dos cinéfilos.
O maior de todos está sendo o Bond - James Bond - o agente 007, que apenas muda de rosto, mas continua sendo o eterno sedutor. Nas cenas de maior perigo quando tudo parece perdido sempre surge uma saída na hora "H" e ele consegue escapar ileso e vencer os inimigos que querem conquistar o mundo.
Eis uma profissão invejada e que nos filmes só os ungidos são escolhidos, por um critério ultrassecreto e misterioso. Da noite para o dia a pessoa é convidada por autoridades do governo para ser espião, treina, adquire outra identidade, recebe armas diferenciadas e sai pelo mundo para realizar as missões mandadas pelos seus chefes.
E por que me lembrei disso, agora? Porque encontrei na feirinha da Ordem, no Alto São Francisco, entre centenas de pessoas que se acotovelavam entre as barraquinhas dos vendedores, a nega Durvalina, uma mulher briosa, educada, trabalhadora, que é diarista nos dias úteis da semana e que no sábado e domingo vende pano de prato que ela mesma borda ou pinta, em uma barraca na feira.
Eu a conheci quando ela trabalhava na limpeza da casa de um parente.
- Bom dia, Durvalina!
- Bom dia, como vai sua esposa?
- Muito bem, obrigado. Está vendendo bem?
- Mais ou menos, sabe que a crise está braba!
- Quero cinco panos...
- Doze reais!
- Coloque em uma sacola plástica, por favor. Alguma novidade?
- Vou falar no seu ouvido para ninguém ouvir.
Durvalina deu a volta na barraca e cochichou no meu ouvido:
- Vou prestar concurso público para ser agente secreto do Brasil!
-?
Ela prosseguiu:
- Não leu nos jornais o edital que a ABIN publicou abrindo concurso público?
- Para agente secreto?
- Claro! Prá árbitro de futebol é que não é!
Respondeu minha amiga com certa rispidez.
- Vou trabalhar no mundo da espionagem, já imaginou? Eu e o Bond, o James Bond!
Fiquei só imaginando a nega Durvalina entrando no fórum da Justiça Federal de Curitiba para espionar o Moro...
- E quando será o concurso?
- As inscrições ainda estão abertas é por isto que estou falando baixinho para ninguém saber quem sou eu, o sigilo é a alma do negócio!
Eu não quis decepcionar minha amiga com outros comentários, paguei pelas mercadorias compradas e desejei a ela muita sorte no concurso. Ela agradeceu com um largo sorriso em que faltavam uns dois ou três dentes na frente.
O glamour da espionagem desmoronou um pouco nos meus sonhos. Depois que deixei a futura espiã para trás esbocei um sorriso maroto: só está faltando isto no país, um concurso público de provas e títulos para preencher o Quadro de funcionários, na categoria de "Agente Secreto"! Durvalina com certeza teria como codinome "a espiã que veio do frio", por ser de Curitiba.
Ah! Por falar nisso, que frio terrível, não? E pensar que no próximo inverno Curitibano a agente Durvalina poderá estar em uma missão nas Bahamas, desfrutando das praias e do clima de sua capital Nassau, vasculhando se foi lá que o Lula proferiu palestras e ganhou tanto dinheiro! Cheguei à conclusão que vale a pena fazer o tal concurso.
Vou consultar a ABIN se aposentado e septuagenário também pode concorrer. Nem que seja como ajudante da Durvalina quando ela estiver em missão nas Bahamas...
"Quando o frio apertar é hora de sonhar em ser agente secreto e se aquecer na adrenalina das emoções das grandes missões. Ser espião do governo brasileiro é preciso ser aprovado em concurso público. As missões serão sem muito glamour pela obrigatoriedade de todo espião usar na lapela do paletó o distintivo da ABIN."
Edson Vidal Pinto