E junho está chegando!
E daí? Grande coisa que o mês de junho começa amanhã pois será igual aos demais meses, claro com um frio do cão para aqueles que não gostam e para os que não tem roupas e nem cobertas para se aquecer. Bom mesmo era o mês de junho de minha mocidade quando no seu primeiro dia já começava a estourar os primeiros foguetes no céu, anunciado os festejos juninos com guloseimas típicas, fogueiras, balões e famílias inteiras se confraternizando na frente de suas casas com seus vizinhos, numa tradição que parecia nunca acabar. E os balões então? Dezenas deles coloriam o céu com suas tochas de fogo, formas e tamanhos diferentes, numa coreografia sem ensaio pois enquanto alguns subiam outros caiam para a alegria das crianças e dos marmanjos. Lembro que lá pelas bandas do Estádio Joaquim Américo do Clube Atlético Paranaense, subiam os famosos balões “chupetas” artisticamente feitos pelos familiares do Sr. Alberto Gottardi, que era marca registrada do mês de junho para a felicidade dos curitibanos. Nos bairros onde ardia uma fogueira tinham pessoas ao redor delas, com muita conversa e alegria tomando uma boa xícara de quentão, comendo pinhão, batata doce, pipoca e jogando muita conversa fora. Era uma Curitiba tipicamente provinciana, uma cidade pequena onde as pessoas se conheciam ao menos de vistas, com poucos bairros, tráfego calmo onde as lotações,os bondes, os carros de praça e automóveis (todos importados) das marcas Ford, Chevrolet, Buick, Austin, Prefecte, Opel, Studebacker, Renaux e muitos outros dividiam o tráfego nas ruas de paralelepípedo e macadame
da urbe. Os estouros dos foguetes não perturbavam muito os animais domésticos ou seus donos não se importavam muito com isto. Era um tempo diferente pois a religião católica dominava a crença do povo, o Papa era uma voz ouvida no mundo todo, a política partidária não objetivava derrubar a ditadura de Vargas e nem a Republica, os políticos partidários e as autoridades públicas eram respeitadas e reverenciadas. Os Santos Antônio, João, Pedro e Paulo tinham suas datas no mês de junho e serviam de motivo para as festas juninas. As Igrejas celebravam missas ao longo do dia, com bandeirinhas feitas de papel de seda coloridas ornamentando suas casas paroquiais e servindo para seus fiéis todos os tipos de guloseimas. No dia de Santo Antônio na tradicional Igreja do Senhor Bom Jesus, dia dos namorados, as beatas da paróquia faziam um tradicional bolo recheados com imagens de metal do referido Santo, em tamanho pequeno, que eram vendidos em pedaços dando esperanças às moças que achassem um santinho destes no meio do bolo, que no transcorrer do ano achariam suas “cara-metade”. Uma tradição que continua até hoje, pois quando ao mais ninguém mais “pula” fogueira, os balões e os rojões estão proibidos, os vizinhos mal se conhecem e realizar reunião na rua, a noite, é pedir para ser assaltado. Só no nordeste do país as comemorações ainda acontecem patrocinadas por políticos e Órgãos públicos. A modernidade nas cidades de maior porte acabou com a tradição das festas juninas, que sobrevive timidamente dentro das escolas, com apresentação da famosa “quadrilha” com o divertido casamento caipira protagonizados por seus pequenos alunos, para a felicidade dos vovôs e das vovós…
“A modernidade extinguiu as festas populares e esfriou as relações humanas, contribuindo negativamente para a vida em sociedade. Daí a indiferença, a distância e falta de solidariedade. A humanidade entristeceu, a religiosidade perdeu o sentido, Deus está sendo ignorado e as pessoas estão dentro de suas próprias redomas. Daí as doenças da alma e do abandono.”