É só não generalizar, mas que tem, tem!
O ministro Paulo Guedes está sendo tripudiado por ter sido infeliz ao dizer numa entrevista que funcionário público é parasita. Não disse mais do que a verdade, porém pecou apenas ao generalizar. Ou será que um servidor público temporário ungido a ocupar cargo em comissão para os políticos em seus gabinetes, que não cumpre expediente, não produz nada, nem serve o público e apenas zela pelo interesse eleitoreiro de seu “chefe”, não é um parasita?
O Magistrado que descompromissado com sua responsabilidade institucional e que deixa seus subalternos lhe entregarem pronto na bandeja as sentenças ou os votos para julgamento, sem preocupação alguma em corrigir ou analisar se estão certos ou errados, não são típicos parasitas? Também o médico de carreira na função pública que se esquiva de cumprir o horário de trabalho ou o faz com desídia, não é um parasita? E assim por diante; só usar um pouco da imaginação para enxergar parasitas no Ofício Público por todos lados. Exemplo clássico? A filha solteira que ainda recebe a pensão de seu falecido pai, servidor público.
O pecado do ministro foi o de não separar o joio do trigo. Li muitos desabafos de funcionários públicos reconhecidamente cumpridores de suas obrigações que se sentiram atingido injustamente pela referência do ilustre agente público, que logo após reconheceu seu açodamento crítico e procurou de pronto se retratar de sua estultice. Infelizmente em um país dividido o pedido de desculpas não mereceu maiores destaques na mídia, pelo contrário, esta ainda dá marteladas e quando pode repete o dito pelo economista.
Não nego que sou e continuo sendo seu ardoroso fã pelo muito que tem feito pela economia combalida de um país no purgatório das almas. Ademais é raro o homem público falar a Imprensa e não cometer erros de linguagem ou se conter nos limites estreitos da serenidade, mesmo quando só aborda temas de sua alçada funcional. E os jornalistas que vivem em busca de notícias e são useiros e vezeiros de colocar “saia justa” nos entrevistados, são os que mais cometem desatinos e protagonizam as melhores “gafes”.
A propósito lembro uma que não esqueço, acontecida há muitos anos, quando o entrevistado foi o ilustre Prof. Afonso Antoniuk, destacado médico neurocirurgião da UFPr. Na época grassava pelo mundo a grave doença da neurocisticercose, um parasita de nome tênia que se instala sob a pele e depois contamina o cérebro, os músculos e os tecidos do ser humano podendo levá-lo a óbito. Estudioso no tema o conceituado mestre em uma entrevista à TV Paranaense, Canal 12, foi perguntado pelo jornalista sobre o desenvolvimento da doença e ao responder, valeu-se da oportunidade, para desabafar:
- (...) E apesar de toda gravidade da doença, as autoridades públicas não têm levado a sério medidas profiláticas, e por isto eu me sinto como se estivesse pregando no deserto ...
E num bate pronto o jornalista indagou:
- E em qual deserto o professou pregou?
Pois, é. Um segundo de “bobeira” foi o suficiente para os telespectadores mais atentos terem caído na risada. Portanto, quando os microfones estão abertos, as câmeras ligadas, basta uma pequena fração de segundos de desatenção para que o entrevistado ou o jornalista possam dizer o que não devem. Com certeza como aconteceu com o ministro Guedes na sua malfadada entrevista.
E por isso tem que ser crucificado? Bem que gostariam os adversários do governo, tanto que alguns deputados rapidamente se articularam para “exigir” que ele esclarecesse a ofensa dirija aos funcionários, na Câmara dos Deputados. Um cirquinho político de profundo mau gosto. Enquanto isto o Freixo (Psol), candidato a candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, chama Presidente da República de “... esgoto do sistema ...”, e está sendo o destaque da hora pela imprensa brasileira tudo com intuito de levar o mandatário à execração pública. Ora, o ministro Guedes reconheceu e se desculpou pelas palavras grosseiras referidas aos servidores públicos, suficiente para colocar uma pá- de-cal no problema. Tem muito coisa mais séria entulhando a caminho do Brasil, que merece mais a nossa atenção ...
“Cometer excessos quando se é entrevistado reflete muitas vezes o estado de espírito e de preocupação de quem está falando. Abordes genéricos referentes a um grupo de pessoas de uma mesma categoria funcional ou grupamento, peca quando não separa as exceções. Em qualquer segmento composto de seres humanos não pode existir unanimidade nem para elogiar e muito menos para criticar. Pois não existe infalibilidade absoluta.”
Edson Vidal Pinto
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