É tudo muito estranho
Sinceramente é difícil saber o que está acontecendo no Brasil -, parece que somos um povo inútil e sem massa cinzenta na cabeça, pois coisas absurdas orbitam ao nosso redor para nos deixar atônitos. Por exemplo? A morte que andava tão banalizada pela quantidade de assassinatos cometidos diariamente no Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará até deixou de ser notícia na imprensa, sem falar também nos acidentes de trânsito nas cidades e estradas, com perdas de vidas preciosas.
Mas bastou aparecer o Covid-19 para a morte retomar fôlego e passar a ser a grande notícia de nossa imprensa decadente , ficando a dengue e outras doenças de pouca morte apenas como coadjuvantes. Existe ao que parece uma disputa com anúncios diários do número de pessoas que morreram no município, no estado, no país e no mundo dando a impressão que é um campeonato cujo país vencedor será aquele que tiver mais mortes no placar final. Pô, mas na verdade ninguém sabe se todos que morreram foram vítimas do coronavírus ou não.
Outro absurdo: quem precisa trabalhar para viver não pode; quem não vive para trabalhar está ditando regras para que ninguém trabalhe. Um paradoxo estonteante. Ora bolas: sem trabalho não existe vida, salvo para àqueles que nasceram em berço de ouro ou que vivem do trabalho alheio. Daí tamanha besteira querer separar a doença da economia porque ambas são almas gêmeas -, até porque se as primeiras não existissem não existiriam médicos, enfermeiros, hospitais, farmacêuticos, laboratoristas, farmácias e medicamentos. E isto tudo é uma grande e poderosa industria que gera dividendos e mantém o ser humano vivo.
Citei como metáfora, sem segundas intenções. Este é o nosso cotidiano, ou não é? Veja: tempos atrás tentaram matar o Bolsonaro e a imprensa pouco comentou; quando mataram uma tal de Mariele, pessoa de duvidosa idoneidade, a mesma imprensa ainda não esquece um dia de cobrar do governo para saber quem foi o autor de tão hediondo crime. Só agora, eleito presidente, o Bolsonaro por negar entregar um exame se estava ou não infectado pelo Covid, a dita cuja imprensa não esquece de noticiar que o STF exige que ele entregue o documento médico como se tivesse praticado um crime de lesa pátria.
Nunca antes disso alguém exigiu do Lula que apresentasse atestado de que não estava alcoolizado quando levou o país para o caos. No caso do Bolsonaro o STF quer ter a absoluta certeza de que não foi ele que inoculou o vírus no morcego chinês. Só pode ser. Outra questão sem o menor sentido é querer provar que o Presidente quis interferir na Polícia Federal. Interferir como? Mudar o diretor-geral não é ingerência indevida pois está no elenco de suas prerrogativas legais.
Ora, quem pode o mais que é nomear , pode o menos que é exonerar. Ou ele pretendeu interferir para que os delegados alterassem a verdade dos fatos compilados nos inquéritos de suas atribuições? Só imaginando que os delegados sejam bananas e bonecos teleguiados do Chefe da Nação para manipularem provas. Situação impensável no âmbito da polícia federal cujos componentes aspiram adquirir autonomia institucional. Portanto é muita papagaiada para nada. Enquanto isto o STF deixou o processo do Collor prescrever; a imprensa se esqueceu de informar; a dengue continua matando; a economia está destroçada e os políticos reinando em berço esplêndido. E ninguém mais está falando na devastação da Amazônia, do crime que prolifera, dos espectros humanos dormindo pelas sarjetas, nas omissões do MP, das universidades que não ensinam e nem formam profissionais, das guerras com ou sem vírus, do tráfico de drogas que está matando a juventude.
E nós assistindo tudo de camarote do que está passando adiante de nossos olhos, mudos e calados. Não parece tudo muito estranho? Se você não achar eu sei muito bem em que país você mora ...
“Vivemos em um país da magia onde o impossível acontece; a ciência não tem crédito; a imprensa não informa; a Justiça brinca; a política é para políticos; o dólar é apenas uma moedinha; e o título eleitoral é documento de aposta do jogo do bicho. Analfabeto vota, índio vota, preso vota e os inteligentes não sabem votar. Você não acha estranho?”
Edson Vidal Pinto
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