Enfim, Frio!
Tem gente que gosta do inverno, da garoa que cai no final do dia, do vento que gela e corta até a alma, porque pode vestir aquele capote que está guardado no guarda-roupa, cheirando mofo.
Conheço uma médica muito querida, que ama o frio; gosta de passar o Natal e o Ano Novo em Nova York quando a neve começa a cair e a temperatura despencar. E gosta tanto que fez inúmeras viagens de finais de ano, com a família, para aquela deslumbrante cidade.
Eu mesmo digo que meu sonho é morar em Anchorage no Alaska, de tanto assistir na TV a cabo os programas gravados naquele estado americano. Digo que quero acordar bem cedo, sair de casa e no quintal cortar com o machado tocos de madeira para colocar na lareira. E quero fazer isto vestindo camiseta de mangas curtas e calça de agasalho. Tudo dentro de um cenário branco de neve.
E minha mulher fica “apavorada” com minha ideia. Mas quem me conhece sabe que falo da boca para fora. Eu mais do que ninguém detesto o frio. Sou meio flor de estufa: pois basta sentir um ventinho frio na minha calvície e logo sinto aquela dorzinha de friagem, chata, principalmente quando passo de leve minha mão na cabeça.
E até o ouvido dói. Para Anchorage não quero ir nunca à minha vida; nem tenho intenções de viajar para o hemisfério norte nas estações do outono e muito menos do inverno. Prefiro ficar em Curitiba, entocado em casa, assistindo TV e lendo um bom livro.
Claro que de vez em quando vou ao shopping para me socializar e ver nas vitrines das lojas as novidades ofertadas pelo comércio. E sem duvida visitar os restaurantes para saborear pratos quentes.
E com certeza ficarei “treinando” mentalmente para frequentar a “Academia do Coração” do Hospital Costantini, pois sou obrigado a este martírio, mas só quando não estiver muito frio. Não adianta fazer exercício e ficar com gripe, não é mesmo? E pensar que só fez frio mesmo ontem, e hoje já estou hibernando.
Fico imaginando o Molusco de barba que teve o mundo em suas mãos, podendo viajar para onde quisesse e hoje está num quarto frio de uma repartição policial cumprindo pena. E apesar de tudo apaixonado. Zeus, um septuagenário apaixonado, em uma cidade gelada parece mesmo coisa de cinema. Pois no frio “amar” não é para todos ...
“No frio não consigo nem raciocinar e muito menos escrever. As ideias hibernam, a criatividade vai para Cancún e eu fico sentado na minha poltrona preferida, vendo o tempo passar. Mas não vou desistir de escrever uma crônica por dia!”
Edson Vidal Pinto