Enfim, Lucidez!
É complicado saber se aquele que trabalha e ama o que faz é ou não reconhecido pelo empregador. Claro, depende do empregador. Tem os que são sensíveis e sabem muito bem avaliar o desempenho de seus empregados a ponto de se esforçar para não perder os que merecem; existem aqueles que dão mais importância ao que os outros pensam para usar seus subalternos de acordo com as conveniências de terceiros; e os patrões que nada pensam e são frios como pedra de gelo. No mundo empresarial existe de tudo um pouco.
E o pior dos empregadores é os ingratos e mesquinhos. Escrevo isso porque o competente jornalista Luiz Geraldo Mazza, da Rádio CBN, sabidamente um intelectual e crítico ponderado que alavancou a audiência daquela emissora e tem sempre mantido seu desempenho radiofônico dentre os melhores do país, simplesmente foi despedido pelo Joel Malucelli, o dono da emissora.
Este um empresário estruturado e com apetite voraz na busca do lucro fácil, mostrou total falta de lucidez ao nos privar como ouvintes do Mazza dos seus pertinentes comentários sobre os mais variados fatos do cotidiano. Conheci o Joel quando ainda éramos adolescentes e morávamos no bairro da Água Verde.
E sei que começou sua fortuna quando alugou uma única máquina de terraplanagem para fazer a manutenção da estrada de macadame entre Joaquim Távora e Carlópolis, licitação ganha no DER. Eu na época era Promotor de Justiça de Carlópolis. Daí em diante sua ascensão foi fenomenal. Claro, acho trabalhou para isso.
E o Mazza conhece apenas de vista e nunca esqueço quando do enterro do saudoso jornalista Victor Ghea, ele em lágrimas prestou oralmente sua última homenagem ao nosso amigo comum.
E quando eventualmente nos encontramos sempre nos cumprimentamos. Mesmo assim fico condoído com sua demissão sem qualquer lustro. Homem de brios, trabalhador e honrado, com idade avançada, mas sendo uma verdadeira enciclopédia ambulante, Mazza com certeza dará a volta por cima porque tem muito a nos ensinar.
E meu amigo Joel foi cruel e ingrato, ao despedir um jornalista que prestava serviços em sua rádio há mais de trinta anos. Não soube reconhecer o mérito de quem tem e a despedida foi prova disso. Lucidez zero.
De outro viés, o Ministro Sérgio Moro deu uma declaração que poderá modificar a história do Sistema Penitenciário brasileiro, mostrando total lucidez e capacidade técnica sobre tão delicado assunto. Ele pretende separar nas prisões os presos de acordo com suas periculosidades.
Eureca, felizmente um acerto para possibilitar a tão decantada ressocialização do preso, que é a finalidade principal da Lei de Execuções Penais. Solução simples: prisão para os internos perigosos e nocivos ao convívio social; prisão para os internos de baixa periculosidade; e finalmente prisão para os internos de nenhuma periculosidade. Tudo isso dentro do mesmo regime de cumprimento de pena: o fechado. É separar o joio do trigo para evitar contaminação e subordinação do fraco pelo forte. Sempre defendi essa ideia quando fui Secretário de Estado da Justiça e criei a primeira Penitenciária Industrial do país (Guarapuava) que não teve continuidade por falta de visão.
Embora o então Ministro da Justiça da época, Nelson Jobim, tivesse encampado a ideia. Essa a vantagem do Bolsonaro ter colocado em cada Ministério titulares que, além de lúcidos, são profissionais que entendem muito bem das tarefas que o cargo exige. Ao contrário daqui do Paraná, onde os políticos deitam e rolam, sem saber ainda por onde começar...
“Administrar com lucidez e valorizar quem tem mérito não é tarefa fácil, principalmente, para quem não enxerga o próprio nariz. Vale para a atividade pública e privada. Nesta, a demissão do empregado, sem justa causa, mostra a ingratidão do empregador.
É quando o lucro vale mais do que o bom senso.”
Edson Vidal Pinto