Ernesto, o Honesto!
Sexta 08 de setembro de 2017.
Enfim o Palocci resolveu confessar seus crimes e enterrou de vez o Lula e a Dilma no lodo da mais sórdida corrupção. E nem desta vez o Ernesto teve sorte, porque seu nome sequer foi mencionado. Triste verdade. O seu azar na vida começou logo após a Anistia dos "perseguidos" pela Revolução de 64, pois o Ernesto passou incólume e não recebeu nenhum prêmio do Governo para lhe ressarcir dos transtornos e torturas, porque nunca militou no Movimento Revolucionário e nunca professou ideologia de esquerda.
Também não assaltou bancos e muito menos sequestrou Embaixador americano; nem teve que viver no velho continente ou em Cuba como triste exilado. Como perfeito bobalhão o Ernesto apenas trabalhou e viveu cumprindo as leis do país. Cidadão dedicado e consciente de suas responsabilidades sempre se dedicou à família e granjeou amigos. Jamais esteve filiado em partido político e nunca participou nem como simpatizante para a vitória de qualquer dos candidatos a cargos eletivos. Neófito e alheio à política e aos políticos sempre se orgulharam de viver do esforço de seu trabalho como funcionário público federal.
Em contrapartida nunca o seu nome foi lembrado nem para chefiar uma inexpressiva repartição pública. Embora proprietário de um apartamento de 150 m2 e de um automóvel popular, ambos financiados pela Caixa Federal, o Ernesto é casado e pai de um casal de filhos. A sua esposa ajuda na renda familiar fazendo roupas de crochê para vender. Mas, há bem da verdade, até iniciar a Operação Lava Jato, o Ernesto vivia tranquilo e sem dobres saltos.
Foi iniciar as estrepolias decorrentes desta Operação que seus problemas apareceram. Quando faltava um pouco de dinheiro para passar o mês e se obrigava a entrar no vermelho do seu cheque especial, a Madalena, sua esposa, resmungava:
- Viu Ernesto, o que dá ser honesto? Hoje poderíamos estar fazendo turismo na Europa, no entanto aqui estamos usufruindo do cheque especial! Seu chefe o Ricardo, aquele seu amigo com cara de anjinho, não perdeu a oportunidade de "botar" a mão no jarro e faturou dezenas de milhares de dólares! Hoje ele está na sua mansão em Ilha Bela, de tornozeleira, cumprindo pena pelo crime de peculato! E nós aqui, neste miserê!
E toda a noite quando o Jornal Nacional da Rede Globo mostra o Lula subindo e descendo de avião particular, as caras rechonchudas dos demais pilantras da República em seus ternos de grife, as propriedades dos envolvidos nas falcatruas e as nababescas vidas dos irmãos Batista, mais o ânimo do Ernesto vai arrefecendo.
Porém o pior de tudo aconteceu na escola particular em que sua filha estudava, graças a uma bolsa de estudos conseguida pelo seu ex-chefe, àquele mesmo que hoje está em prisão domiciliar.
- A aula de hoje será sobre o pai de vocês...
- Como assim, tia? (Perguntou o Maurício).
- Quero que vocês contem as virtudes, as coisas boas que seus pais fizeram para vocês e suas famílias. Entenderam?
- Sim! (Responderam os alunos há uma só voz).
- Maurício vou começar com você: o que o seu pai fez de bom?
- Ele ajudou a "afanar" a Petrobras quando foi membro do Conselho presidido pela Dilma! Ele ficou rico, graças a Deus!
A turma toda aplaudiu.
- E você Tereza, o que seu pai fez para merecer o amor da sua família?
- Ele emprestou um apartamento para um amigo, que "guardou" 50 milhões de reais na sala.
- E daí? (Perguntou a professora).
- Meu pai é rico demais e mostrou que tem bom coração! Ele ajudou quem precisava. Ele é o exemplo para a família!
A classe toda aplaudiu.
- E você Bonifácio?
- Minha mãe é senadora, foi chefe da casa civil, e é a rainha do achaque! E o meu pai é o par perfeito para ela! Lá em casa sobra dinheiro e dólares...
Mais uma vez os alunos aplaudiram delirantemente.
- O seu pai, Aurora? O que ele fez em prol da felicidade da família?
- Meu pai se chama Ernesto, minha mãe quando briga diz que ele é um jaguara!
- Jaguara, por quê? (Indagou a mestra).
- Porque é honesto e por isto é que somos pobres!!!
A sala toda vaiou sem parar, até o fim da aula, o pai da Aurora. Deste dia em diante ela passou a sofrer bullying de seus colegas e teve de ser transferida para uma escola pública. E desde que soube do ocorrido o Ernesto vive perturbado, não sai mais da frente da televisão para saber se algum pilantra que caiu na rede do Lava Jato, não menciona o seu nome como um dos corruptos, para poder lavar a sua honra perante os amigos de sua filha.
- É o que dá ser honesto, Ernesto! (diz toda hora Madalena) Você não passa de um jaguara, mesmo!
Moral da história: "Num país como Brasil, desonestidade atualmente é virtude e
não reprovação!”
“A vida do Ernesto é única porque não existe outra igual. Se houver alguma semelhança é mera coincidência"
Edson Vidal Pinto