Espírito Aventureiro.
Na minha adolescência que não tinha televisão, jogos eletrônicos e nem computador a diversão era tocar violão na frente de casa, conversar com os amigos a noite sob a luz de um poste de iluminação pública, participar dos bailinhos improvisados nas garagens da vizinhança ou jogar futebol na rua.
E os mais arrojados que conseguiam a autorização dos pais ingressavam no escotismo de Baden Powell, porque tinham a aventura de poder acampar, viajar e até escalar o Pico do Marumbi. Eu fui um destes que por anos vestiu calça curta e usou chapéu de abas largas, igual ao modelo adotado pela Polícia Montada do Canadá, e que me ajudou muito na minha formação de cidadão, chefe de família e de saber servir o próximo.
Viver a alegria de acampar sob o céu estrelado, às vezes com frio e chuva, ou escalar uma montanha vencendo mil dificuldades, é algo difícil de dimensionar e muito mais de explicar às pessoas.
Valho-me sempre do que escreveu Rudward Kepling (escritor e poeta inglês) para contar o que vai à alma de um aventureiro, que muitas vezes para subir uma montanha coloca em risco a própria vida: “Quem uma vez sequer tenha entrado no espírito das montanhas, dificilmente se afastará delas; pois o amor da montanha é tão forte no montanhista, como o amor ao mar pelo marinheiro!” Não há lógica em querer explicar o amor pelo perigo.
Escrevo este intróito porque li num jornal de São Paulo que nestes últimos dias, na temporada de escalada do Everest, morreram onze alpinistas na chamada “zona da morte”.
E por quê? Pelo congestionamento de pessoas, todas em uma mesma fila de subida e descida do topo, que pela demora e exposição às baixas temperaturas morreram de hipotermia.
Comentei com minha mulher e ela ficou estarrecida, pois não entendia o porquê destes alpinistas arriscarem a vida e não pensarem antes na própria família. Este é o ponto principal: tem pessoas que têm o prazer pela aventura e qualquer desafio é meta para ser alcançada.
Neste jogo de incertezas vale tudo: é por isto que a humanidade evoluiu, a América foi descoberta e o homem pisou no solo da lua. São desafios vencidos! E nada satisfaz a índole dos aventureiros; pois muitas conquistas sequer sonhadas ainda irão surpreender as pessoas deste século.
E por que ainda teimar em conquistar o Everest? Cito a famosa frase de Hillary, o seu conquistador: “Por que escalar o Everest? Porquê a montanha está lá!”
“As pessoas - homens e mulheres - são iguais na maneira de sonhar e de querer atingir metas impossíveis. Mas é o espírito de aventura que distingue uns dos outros. A vida não se apieda dos acomodados e cobra preço alto dos arrojados.
Cada um escolhe seu próprio caminho!”
Edson Vidal Pinto