Esquecidos na pandemia
Sem dúvida o Covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo e modificou a maneira de pensar e agir das pessoas. Muita coisa importante ficou esquecida -, de outro lado com o passar dos dias novos hábitos foram incorporados para enfrentar o isolamento social e suas consequências. No comércio por exemplo cresceram as ofertas e vendas online, também a entrega de mercadorias nas casas de clientes, inclusive, oportunidades para que os consumidores recebam peças de vestuários para escolher e experimentar na própria residência e comprar querendo, sem a necessidade de ir à loja. São inovações modernas e necessárias para enfrentar a crise.
Nas lides universitárias estão tentando implantar cursos à distância que é uma espécie do antigo “curso por correspondência”, onde poucos professores ministram aulas via computador para centenas de alunos. Com certeza os diplomas serão enviados pelo Correio. Como o país necessita de médicos estas novas empresas de ensino formarão dezenas de milhares deles por ano, suficiente para abastecer a clientela de toda América Latina. E com este novo modelo de graduação os barões do ensino particular vão lucrar mil vezes mais com pouquíssimas despesas.
Outra novidade é o drone que será a coqueluche destes novos tempos e poderá ter mil e uma utilidades, substituindo o velho e interminável Bombril. Como sugestão para os urbanistas será viável reimplantar nas cidades os velhos bondes sobre trilhos, com bancos de madeira e as laterais abertas para facilitar a ventilação, substituindo os pesados ônibus articulados que fechados propiciam a propagação do vírus assassino. As viagens só serão permitidas através das imagens da TV; as hospedagens em hotéis somente por pensamento e mostrados por fotografias ampliadas; e embarques dos aviões só se estiverem presentes nas lembranças de cada passageiro.
Em compensação os ricos aeroportos servirão para depósitos de mercadorias, nas pistas de pouso serão construídos cinemas ao ar livre, e as torres de controle serão doadas para os astrônomos poderem instalar seus telescópios. Todas as festas serão transmitidas pela TV podendo os convidados dançar, comer e beber pagando do próprio bolso e sem sair casa. Namoro e noivado só pelo celular. E o casamento será uma cerimônia rápida de apenas dez minutos com as presenças dos noivos, de seus pais, do Juiz de Paz e do Padre ou Pastor. E as despedidas de praxe será no próprio lugar da celebração.
A lua de mel poderá ser um passeio de carro por algum bairro da cidade que os nubentes não conheçam e como ponto de chegada na própria residência onde o novo casal vai habitar. Haverá economia garantida para os dois primeiros meses de vida em comum. E os esquecidos na pandemia? Estava esquecendo desta abordagem na minha crônica e peço desculpas. Como só se fala em Covid-19, pelo menos para nós brasileiros, duas coisas caíram no esquecimento. A primeira é a alta do dólar.
E não poderia ser diferente pois acabaram as viagens internacionais, as compras em Miami e no Paraguai. Ninguém mais dá a mínima se a moeda americana está ou não próximo de seis reais. E a economia que se lixe. E a segunda é que o Ronaldinho Gaúcho foi esquecido na prisão. E o mais curioso que ninguém saiu na rua para protestar e nem declarar guerra contra o Paraguai. É isto aí. Mas com certeza muitas novidades virão e outras tantas nós vamos esquecer para sempre...
“O mundo está mudando. Estamos reaprendendo a viver dentro de novo modelo social. Muita novidade vai surgir e muitas coisas vamos deixar de lado. Será uma nova experiência vivenciar o despertar deste novo século.”
Edson Vidal Pinto
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