Estou com Medo de Escrever
A situação política e institucional do país está numa balbúrdia tão grande que estou ficando com medo de escrever; não o de continuar escrevendo nas minhas crônicas com as tintas da verdade dos fatos e acontecimentos que envolvem o STF e tudo o mais que está ocorrendo no país, mas temor de escrever sem perder a elegância e nem rechear as frases de impropérios. Sim, porque dá vontade de chutar o balde e falar palavrões de “a” a “z”.” Tudo para desopilar o fígado porque a cretinice voltou a imperar com a mídia se aproveitando do Luiz Ignácio, um indivíduo que só de aparecer na tela da TV nauseia quem tem um pingo de honestidade e vergonha na cara.
Também li as conversas hackeada do Moro com o Deltan e fiquei estarrecido pela falta de profissionalismo de ambos, por ignorarem que estavam envolvidos em processos cujo réu faria de tudo para “melar” seus regulares trâmites. Conversas nada republicanas e tecnicamente censuráveis. Tive vontade de gritar dez palavrões e de escrever tudo que aprendi e li nos processos criminais que atuei. Mas respirei fundo e engoli seco sem ousar escrever nem o mais usual dentre eles.
De repente me deparei com a manifestação popular ocorrida na noite de anteontem na frente da casa do Luiz Edison Fachin, autor de uma desastrosa decisão judicial cheia de entulhos e citações, mas que não soube diferenciar o que é “incompetência” absoluta da “incompetência” relativa do Juiz para julgar feitos criminais. Anulou os processos do Luiz Ignácio em que ele tinha sido condenado por diversas Instâncias e só faltava a última do STF, acolhendo uma nulidade “relativa” que tinha perdido objeto porque a aventada incompetência tinha sido aceita pelas partes e por isso protraiu no tempo. Decisão individual que ainda dependerá do julgamento do Colegiado daquele Tribunal. Mas as consequências da decisão explodiram com a paciência do povo.
O desfile das famílias dentro dos automóveis representou inequívoco protesto contra um juiz comprometido pela ideologia que professa e sem nenhuma experiência no campo do direito penal e processual penal. Só de ver as imagens também me deu vontade de sair na varanda do meu apartamento empunhando a bandeira da Pátria e descascando bananas de nomes feios. Mas como meus vizinhos não têm que suportar meu destempero fiquei com a boca fechada.
Depois li o voto do Gilmar quando reconheceu a suspeição do então Juiz Sérgio Moro e me acalmei. Meu Deus, que homem inteligente esse Gilmar, educado, sereno, imparcial, um exemplo de juiz que reconheceu tecnicamente a suspeição em questão, sem ofensas ao Moro e nem àqueles outros juízes que funcionaram nos processos do Luiz Ignácio, e nem maculou a honra dos acusadores.
Que exemplo de homem e de cidadão, com certeza educado em Oxford e com pós-doutorado (esta turma gosta de títulos acadêmicos) em alguma vetusta Universidade europeia. Só lembro que foi a múmia do FHC quando Presidente da República que o indicou e nomeou esse troglodita chamado de Gilmar para o STF. Minha ira foi contra o então Presidente exilado que depois de perdoado mandou e desmandou neste país, recebeu dinheiro por ter “sofrido” horrores quando os militares mandavam e ainda usufrue da mordomia que o Estado brasileiro lhe recompensa por ter sido Chefe da Nação. Uma deslavada vergonha! Mas contive meu ímpeto e você é prova que não escrevi até aqui nenhum palavrão.
E ontem antes de dormir li a nota da AJUF (Associação dos Juízes Federais) sobre o palavreado grotesco do Gilmar que injuriou as atuações de Juizes Federais que atuam e atuaram nos processos da Lava Jato, como se ele (o Gilmar) fosse o censor e julgador de toda a Magistratura brasileira. Foi uma nota de desagravo posta de maneira sóbria e sem ofensas. Suficiente para dar um tapa de luva sem ultrapassar os limites ordeiro e prudente que o fato exigia.
Depois li a declaração do Juiz Federal Gebran Neto, relator no TRF 4 dos processos que o Gilmar está tentado anular, para justificar sua atuação nos feitos bem como de seus pares, perdendo, assim, a oportunidade de ficar calado. Se a moda pegar de Juízes tentarem justificar suas imparcialidades quando Tribunais Superiores reformarem suas decisões será o fim da picada. Se a entidade de Classe já se manifestou antecipadamente o Juiz deveria manter sua discrição, nada mais.
Mas subiu meu sangue e tive um sono agitado, parece que os juízes estão sem rumo e resolveram falar fora dos autos seguindo os maus exemplos dos inquilinos do STF. E para que serve mesmo o CNJ? Se alguém souber eu presenteio (de bom grado) com um típico sorvete americano ...
“Às vezes dá vontade de perder a tramontana, pois estão acontecendo fatos e atos tão imbecilizados que só dizendo ou escrevendo impropérios para não enfartar. Este novo século está mostrando a cara de uma nova sociedade e de novos tempos. Parece propício ao Anarquismo cujo lema é: “Nem Deus, nem senhor, tudo pela razão!” Só que a razão no nosso caso é a do Luiz Ignácio. Cruz Credo!!”
Edson Vidal Pinto
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