Estradas brasileiras
Ontem fiz um vapt-vupt de Curitiba para Paranaguá (96,6 Kms), de automóvel, e retornei a noite depois que visitei minha querida irmã Marley que caiu em sua casa e fraturou o braço, (úmero) mas está se recuperando a contento. A idade requer sempre os melhores cuidados e atenção. Não posso nunca deixar de vê-la porque ela é tudo para mim, pela nossa diferença de idade (7 anos) ela continua sendo minha protetora e que sempre me acarinhou como uma segunda mãe. O dia para viajar estava quente, com sol entre nuvens, apenas choveu muito pouco na volta da viagem próximo de Morretes. Na ida observei a má conservação da rodovia federal BR-277, com ambas as pistas de ida e volta em péssimas condições de trafegar, com o posto de pedágio sendo reconstruído e os imóveis da antiga concessionária de pedágio em estado de abandono, mostrando a incapacidade do Estado brasileiro administrar suas próprias rodovias. Claro que a solução viável é o pedágio com a transferência da administração dos trechos rodoviários à iniciativa privada. A concessão é um mal necessário. Mas não quero falar sobre isto, e sim, sobre os constantes desmoronamentos dos morros e montanhas de nossa Serra do Mar, ocasionando transtornos irreparáveis aos usuários da referida rodovia. Na serra bem no Viaduto dos Padres encontrei um congestionamento de veículos, estava meia-pista em razão de ter havido no dia anterior deslizamento de terras e pedras. Para trafegar uns quinze quilômetros levei uma hora e meia. Pouco importa que o novo grupo empresarial que ganhou a concorrência do pedágio envide todos os esforços possíveis para evitar as avalanches de terras e pedras, porque a causa do problema não tem solução. O solo onde o leito asfáltico foi moldado não resiste mais o peso e a trepidação dos veículos de transportes (caminhões), cada dia mais longos, com cargas sempre mais avantajadas, com motores de potência absurda que permite ao seus motoristas (na subida da serra) ultrapassar qualquer carro de passeio. Evidente que o peso destes veículos e a chuva são as únicas causas das encostas dos morros desmoronarem. Claro, que os possantes motores destes caminhões dão causas, também, aos trágicos acidentes que diariamente são noticiados pela Imprensa.Tudo isto atribuído ao excesso de velocidade (inclusive dos automóveis). Infelizmente o caos se estende para todas as demais rodovias brasileiras, não quanto ao desmoronamento de encostas porque nem todas elas contornam montanhas, mas o congestionamento em si de veículos e o número crescente de acidentes fatídicos. A causa do problema? O monopólio da indústria automobilística no país, que formou milhões de motoristas de caminhões dependentes do frete, de transportadoras cada vez mais equipadas, que juntos são capazes de interromper o fluxo de veículos e estrangular, querendo, a economia do país. Uma simples ameaça de greve dos caminhoneiros é capaz de desestabilizar qualquer governo. Desde o governo do Juscelino (1.962 ) os caminhoneiros se transformam em donos das rodovias -, enquanto as ferrovias foram sucateadas e esquecidas. Nenhum país é economicamente rico e poderoso se não tiver ferrovias unindo povos e cidades, transportando passageiros e riquezas (com menor custo e limpeza). Desde D. Pedro II para cá, nenhum governante olhou para as estradas de ferro, onde hoje, cada pequeno trecho em condições de uso está sob o comando de uma empresa, onde os trilhos tem bitolas diferentes para que o trem do concorrente não possa trafegar. Não existe controle estatal que ordene e discipline as ferrovias brasileiras. E sem o trem os caminhões usam das rodovias como suas propriedades, impondo o custo do frete e encarecendo a vida dos consumidores. E quem pode peitar os donos de caminhões? Mas algum Presidente vai ter que fazê-lo, mesmo que seja através de disfarçada artimanha, injetando verbas públicas para colocações de trilhos, com iguais bitolas, incentivando empresários e empreendedores ousados (os novos Mauá) para dar um novo fôlego econômico ao Brasil. Porquê do jeito em que a coisa está, vai chegar o dia que quem não tiver caminhão não poderá viajar por rodovias, porque o tamanho gigantesco dos mesmos vai obrigar o Estado a construir rodovias só para os automoveizinhos…
“É um crime um país de extensão continental não ter uma malha ferroviária capaz de unir os povos e cidades do Brasil. O desleixo está custando caro, porque as manutenções das rodovias sagram os cofres públicos e os bolsos dos usuários. Chega de Governos inúteis!”