Eu, Velho?
Ontem, 24 de outubro de 2017, terça-feira.
E como tem pessoas que gostam de ler artigos, crônicas, histórias e piadas de pessoas velhas. Para uns parece típico masoquismo, pois riem de si mesmo; para outros, parece um estágio de vida, longe de ser pensado. Estes ainda tem uma vida pela frente e o viço da juventude. Será que por ser idoso eu sou tão diferente? Cada dia que passa, mais eu sinto o ânimo de sonhar acordado, de alcançar metas utópicas e recordar momentos que não voltam mais.
Claro que sinto dificuldade para andar, quando estou sentado, ficar de pé é ato heroico e arrojado. Tenho às vezes dores no corpo, mas também tenho históricos de disposição, principalmente quando não estou só. Sei muito bem que a idade está passando na minha frente há passos largos, mas ainda tenho a mente e a alma de um jovem.
Mais experiente é claro, mais sofrido e vivido, mas cultivo os mesmos anseios de minha infância e ainda tenho direito às minhas viagens imaginárias ao redor das nuvens. Neste aspecto, não mudei em nada. Gosto de acariciar as mãos da mulher amada, sentir o abraço afetuoso dos filhos, de poder desfrutar dos sorrisos de minhas noras e de ver a felicidade nos olhos de minhas netas.
Quando não estou sozinho sinto o frescor da juventude pela ilusão de que sou amado. Ninguém gosta de pessoa idosa ao seu lado, salvo alguns da família ou pessoas sensíveis. A longevidade sabidamente não é um mar de rosas mesmo tendo higidez mental, porque a solidão chega de mansinho na medida em que parentes ou os amigos partem e deixam espaços vazios.
Claro que ninguém sabe a hora de partir, o que sabemos é que um dia tudo escurece. Mas até lá o idoso tem os mesmos temores, as mesmas ideias, os sonhos parecidos e igual disposição de amar e de ser amado, quanto qualquer jovem. O que nos diferencia é que aos poucos somos vencidos pelas leis da inércia e da gravidade, demoramos em andar e nosso corpo torna-se flácido e marcado pelo tempo.
Necessitamos de carinho e somos carentes quando estamos sós. Sabemos amar incondicionalmente, apoiar e se necessário ressurgir das cinzas da letargia se houver um apelo de agonia ou um pedido de ajuda de quem quer que seja, pois aprendemos pela experiência de vida o sentido exato da solidariedade humana.
Só não podemos ficar esquecidos e voltados para o nosso próprio e pequeno espaço, porque dai podemos perder a alegria de sonhar. É o sonho que embala a vida dos mais velhos, é ele que nos trás a alegria de viver. Por isso, nunca abandone seu idoso, por mais calado ou estorvo, que ele possa ser...
“A marca implacável do tempo diferencia o jovem de um velho. Entre um e o outro sonhar é igual. Só não sonha na vida aquele que morreu!”
Edson Vidal Pinto